Categoria: Artigos

  • Ouro, incenso e mirra

    pe-eanes“Mesmo sendo contradição, a Luz brilha para toda humanidade. Mesmo na sua pequenez, manifesta a grandeza da divindade. Na pobreza da manjedoura, sua riqueza torna-se infinita. Menino Deus, homem total, mistério da salvação. Queremos entregar-te presentes e reconhecer-te como Senhor de todos os povos. Nas mãos trazemos as riquezas do nosso cansaço, das nossas fadigas, a vida que temos e tudo, trazemos a humanidade e oferecemos o que somos tentando, mesmo que pouco, assemelhar-se ao que és: Homem verdadeiro, Verdade diante do mundo e de todos.
    Reconhecemos o que sois, e sois Deus, Deus menino, semeador peregrino, libertador. Amor que dá a vida, que é caminho, sentido pleno da salvação. Amém!”

    Ao celebramos a manifestação do Senhor, a sua Epifania, queremos nos comprometer com um mundo que tenha algo a oferecer a Deus, um mundo que tenha um pouco mais de verdade, de honestidade, de paz e de justiça. Cada um de nós é parte desse mundo e os presentes a oferecer a Deus hoje são outros. Façamos a nossa parte.

    Padre Eanes Roberto de Lima
    Ex-Vigário da Paróquia São João Batista de Rudge Ramos e
    Atual Cura da Catedral de Paranatinga – MT

  • Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados

    “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”

    natalA festividade do Natal sempre nos enche de muita alegria e a emoção abarca o nosso coração. A Igreja, fundada e querida por Jesus Cristo, celebra este significativo memorial da encarnação do Verbo de Deus (Jo1,1-18). Esta grande verdade é revelada a humanidade para salvá-la do poder das trevas e introduzi-la no Reino da Luz.

    Alegremo-nos todos no Senhor, porque nasceu o Salvador. Jesus veio ao mundo trazer-nos a verdadeira paz e felicidade plena. Já não é mais uma promessa, é o próprio Senhor que habita as tendas humanas. Ali Ele se faz carne e assume nossa condição mortal, garantindo-nos assim a vida em plenitude.

    Natal, tempo de muitas luzes, a cidade se enfeita, todos estão preparando as suas casas para festejar mais um ano. Alguns preparando os seus passeios, pois é tempo de férias, hora de restaurar as energias para o recomeçar de um novo ano.

    Mas aqui paira uma pergunta: será que estamos preparando mesmo o Natal de Jesus? É Ele o grande esperado? Será a sua luz verdadeira que queremos brilhando em nossos corações? Qual é o presente que queremos ganhar? Estamos prontos para revisar a nossa vida, de verdade, para um novo começo? Podemos até responder prontamente, “é claro que é Jesus. Não tenho dúvidas!!!”

    Meus queridos amados irmãos e irmãs, é com vocês que uno o meu coração ao coração contemplativo de José e Maria. Eles, repletos de alegria, por ter tão grande presente, apresentam-No ao mundo como o Salvador da Humanidade. Oferecem-No no templo como Primogênito Unigênito, portador da Vida Eterna.

    Haverá estrela mais formosa do que esta do presépio? Os Reis a seguiram e contemplaram a sua face radiosa. Hoje, cada um de nós somos convidados especiais para contemplar o Menino no presépio da vida.

    Que oração tão bonita a do silêncio. Contemplar e deixar-se invadir pela divina graça. Impelidos pelo anúncio, tornamo-nos missionários da Boa Nova. Tanto mistério que cabe num sorriso, num aperto de ao, numa face feliz de um agradecimento.

    Neste Natal sejamos portadores desta grande “Verdade”, que tornemo-nos discípulos missionários para juntos construirmos o Reinado da Paz e da Justiça, da fraternidade sonhada por Deus para toda a humanidade.

    O sinal de Deus é a simplicidade. O sinal de Deus é o Menino. O sinal de Deus é que Ele faz-se pequeno por nós. Este é o seu modo de reinar. Ele não vem com poder e grandiosidades externas.

    A Palavra eterna fez-se pequena, tão pequena a ponto de caber numa manjedoura. Fez menino, para que a Palavra possa ser compreendida por nós. Assim, Deus nos ensina a amar os pequeninos, os frágeis.

    Cantemos como os anjos cantaram naquela noite santa: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por Ele amados”. Amém.

    A todos um “Feliz e Santo Natal” e um Ano Novo cheio das bênçãos de Deus!

    Padre Roberto Alves Marangon
    Administrador da Paróquia São João Batista de Rudge Ramos e
    Vigário Geral da Diocese de Santo André

  • Maria e a Eucaristia: o nosso porto seguro

    joMaria e a Eucaristia são porto seguro para onde o Espírito Santo conduz a sua Igreja. Aí, e somente aí, ela terá vitória, segurança e paz. É para este porto seguro que o Espírito conduz a Igreja do Brasil.

    É para aí que o Espírito Santo quer conduzir também a Igreja doméstica, que é a sua casa e a sua família. É aí, e somente aí que, nestes tempos tumultuosos de ataque cerrado sobre a família, nós teremos a vitória, a segurança e a paz de que tanto necessitamos.

    Maria e a Eucaristia são as duas colunas de guarda e proteção para a Igreja doméstica, da qual você é responsável e porto de salvação para onde estamos sendo todos conduzidos.

    Aí, e somente aí, teremos a vitória, a segurança e a paz. Paz para nossas casas.

    Vitória certa para as nossas famílias.

    Maria e a Eucaristia: o nosso porto seguro.

    Deus abençoe você!

    Seu irmão,

    Monsenhor Jonas Abib

  • O Evangelho precisa nos transformar

    A palavra profética tem o poder de acordar os surdos

    11646txtÉ tão fácil a gente cair na religião do mito. O tempo todo Jesus já nos alertava sobre o risco aos ídolos, pois a idolatria é um dos principais problemas religiosos no mundo. Esse é um risco que todos nós corremos, quando a nossa admiração por alguém ou por uma pessoa se torna essencial, colocada acima, em termos de importância, d’Aquele a quem anunciamos. Decepcione-se comigo, mas que a sua decepção comigo não seja uma decepção com Aquele a quem eu anuncio.

    Temos de viver uma religião que seja capaz de mexer com as estruturas da nossa consciência a ponto de nos fazer acordar para tudo aquilo para o qual nós dormíamos e não sabíamos que existia dentro de nós. Já estávamos inconscientes e acostumados com o nosso jeito ciumento de amar, com nosso jeito ciumento de possuir as pessoas, achando que isso era amor. Muitos de nós já éramos desonestos nas pequenas coisas e já estávamos acostumados com isso também. Até que um dia uma palavra profética varou as estruturas da nossa vida e nos incomodou.

    Uma palavra profética tem o poder de acordar os surdos e aqueles que estão dormindo e que já não escutam mais nada, num sono letárgico ou até mesmo num cumprimento de rituais inférteis, que já não servem de nada para a nossa salvação.

    É a continuidade da Santa Missa que nos salva, é a história que fica diferente em cada comunhão comungada, em cada mesa partilhada, em cada confissão realizada, é o que se segue a partir daí que nos salva. O sacramento não é a mágica de um momento, mas é a continuidade da vida que vai sendo incorporada, porque o sacramento aconteceu em nós.

    É disso que Jesus fala: “Não venha me dizer o que você fazia antes, não me importa o que você fazia. Importa-me o que você era. O que faz diferença para mim é o quanto a minha Palavra conseguiu transformar o seu coração a ponto de transformá-lo numa pessoa melhor”. De você olhar para trás e dizer: “Antes eu era assim, e pela força da Eucaristia, do Evangelho, do terço, eu mudei” – todas as manifestações religiosas que você pode ter e viver. Você percebe que a sua vida não é mais a mesma, porque você mudou o seu jeito de pensar, modificou o seu jeito de ser.

    Humanidade é isto: é trazer a luz do Ressuscitado para nós e ver que há muito para ser limpo em nosso interior. O anúncio do Evangelho é para aprendermos que não temos de ficar com as nossas poeiras e impurezas. A religião que Jesus quer de nós é esta: que fixemos os olhos no céu, que busquemos o céu. Religião que só nos mostra a cruz é uma religião infértil, porque eu não sou filho do Calvário; eu sou filho do Ressuscitado! E quem eu anuncio sempre é o Ressuscitado.

    Você não pode ficar parado no “calvário da sua vida”; todos nós passamos todos os dias por ele. Você acha que a gente vai ser santo sem sacrifício? A semente passa por todo um processo de crescimento, mas ela sabe que se não deixar de ser o que é, não atingirá seu objetivo.

    A dor é o preparo. A sua dor não pode ser em vão. O que você faz com o seu sofrimento? Faz um quadro? Faz música? A genialidade está em transformar a lata velha em ouro. Ou a dor me destrói ou eu a transformo em processo de ressurreição.

    Nossa vida é um desafio diário e não há tréguas. É um “lapidar” constante, tirando tudo o que é excesso em nós. Se eu não tivesse sofrido do jeito que sofri, se eu não tivesse amado do jeito que amei, eu não teria nada para contar a vocês.

    Não sinta vergonha de nada que você sofreu, porque depois que passou por aquele momento, você sabe o que você sofreu para chegar aonde chegou.


    Padre Fábio de Melo

  • É o amor que humaniza a sexualidade

    Quem verdadeiramente ama é capaz de assumir o outro integralmente

    11659txtAmor: somente ele pode, de fato, humanizar a sexualidade. No entanto, em nossos dias esse termo se encontra envolto em uma complexa confusão em seu sentido e compreensão. Muitos o têm reduzido apenas à dimensão do prazer e à sua especificidade erótica. É certo que essa palavra engloba também essa dimensão, contudo, ele não se encerra apenas em tal expressão.

    O amor – em seu sentido agápico (Grego: Agápe) – significa capacidade concreta de doação em favor de um outro, buscando a devida interação com a verdade dele. E isso também deve ser aplicado à concepção humano/erótica do amor, pois, este para ser autêntico não poderá ter o egoísmo como única força motriz.

    O amor não se resume à utilização do outro como objeto de prazer sexual. Ele não poderá permitir a utilização momentânea e descartável de um “alguém humano” por meio de aventura descompromissada e irresponsável. O autêntico amor comporta o compromisso.

    Estamos acostumados a ouvir os gritos de uma sociedade, que elevou à máxima potência a necessidade de satisfazer os próprios desejos e instintos a qualquer custo, transmutando assim o valor da pessoa e o colocando em segundo plano. Dentro desse universo de compreensão o que importa é satisfazer o desejo, não se importando se o outro é utilizado como um mero “brinquedo” por alguns instantes, sendo depois jogado nas mãos do destino.

    É o amor/compromisso que humaniza a sexualidade, do contrário ela se torna apenas egoísmo animalesco. A vivência sexual sem o amor deixa de ser humana e torna-se escravidão instintiva.

    Quem verdadeiramente ama é capaz de assumir o outro integralmente, com todas as suas consequências, sem querer usá-lo apenas para uma satisfação superficial.

    O amor torna humana a sexualidade, gerando o comprometimento – que tem sua máxima expressão no matrimônio sacramental – e o bem, necessários para que a devida interação aconteça, sinalizando o outro como fim e não como meio. O ser humano possui uma dignidade inviolável, ele é pessoa e nunca deverá ser diminuído à categoria de objeto.

    O amor traz cor e sabor à vida, ele inaugura uma primavera de sentido para toda e qualquer relação.

    A virtude a que somos chamados consiste em contemplar pessoas e relacionamentos sob a ótica do autêntico amor. Assim a doação sincera em vista do bem inspirará nossas atitudes e nos permitirá elevar o ser à sua altíssima e verdadeira condição: a de filho amado, querido e respeitado por Deus.

    Adriano Zandoná
    artigos@cancaonova.com

  • Vida humana não é guiada por destino cego, explica Bento XVI

    Bento XVI dando sua bênção apostólica, ao final da audiência geral desta quarta-feira, 25.

    274773“Quem aprendeu o sentido da história descrito na Bíblia, sabe que as vicissitudes humanas não são guiadas por um destino cego, mas age nelas o Espírito Santo que suscita um diálogo maravilhoso dos homens com Deus, seu amigo”. A afirmação foi feita pelo Papa Bento XVI na Audiência Geral desta quarta-feira no Vaticano.

    O Papa recordou a vida de dois monges do século XII da Abadia de São Vítor, em Paris: Hugo e Ricardo, e os apresentou como exemplo de teólogos e filósofos crentes que se empenharam em mostrar a concórdia entre a razão e a fé. “Hugo de São Vítor estimulava a uma sã curiosidade intelectual, considerando como o mais sábio quem tiver procurado aprender qualquer coisa de todos.”

    O Pontífice destacou que “autores como eles nos movem à contemplação das realidades celestes e à admiração da Santíssima Trindade como modelo perfeito de comunhão.”

    Quanto mudaria o mundo se nas famílias, nas paróquias e em qualquer comunidade as relações tivessem como modelo as três Pessoas divinas, que não somente vivem com as outras, mas para as outras e nas outras, disse o Pontífice.
    Naquele período, a Abadia de São Vítor contava com uma importante escola de teologia monástica e teologia escolástica. Neste contexto, Hugo ingressou na Abadia, primeiro como aluno e logo como mestre, alcançando uma fama notável, a ponto de ser chamado o “segundo Santo Agostinho”, por sua dedicação às ciências profanas e à teologia. Hugo infundia em seus discípulos um constante desejo de conhecer toda a verdade.

    Entre seus alunos, destacava-se o escocês Ricardo de São Vítor, que exerceu durante anos a função de Prior desta comunidade. Em seus ensinamentos, convidava os fiéis a um contínuo exercício das virtudes, para alcançar uma estável maturidade humana e, assim, poder aceder à contemplação e à admiração das maravilhas da sabedoria.

    Saudação em português

    “Saúdo o grupo de Alphaville e demais peregrinos de língua portuguesa, desejando que o exemplo das três Pessoas divinas – cada uma vive não só com a outra, mas para a outra e na outra – possa inspirar e animar as vossas relações humanas de todos os dias. Com estes votos, de bom grado a todos abençôo”.