Autor: Webmaster

  • ESPERAR O SENHOR COM ALEGRIA…

    “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!” (Fl 4, 4). Eis o convite a ressoar no coração de quem ainda acredita no sentido cristão do Natal. O fundamento desta alegria, contudo, não consiste somente na situação em que vivemos, mas, sobretudo, no fato de que o Senhor está para chegar e de que a nossa libertação está próxima.

    Preparar-se bem para o Natal de Jesus significa ir ao Seu encontro, carregado de boas obras. Ao chegar, Jesus quer encontrar nossos corações íntegros e santos, diante de Deus, nosso Pai (cf. 1 Ts 3, 13). Fica, portanto, o convite a progredirmos cada vez mais no modo de proceder para agradar a Deus. Não há Natal verdadeiro sem uma vida cristã autêntica. A graça salvadora de Deus ensina-nos a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver neste mundo com ponderação, justiça e piedade (cf. Tt 2, 11-12).

    Vivamos santamente o Advento. Ele educa o olhar do coração a estar vigilante na oração, esperando com alegria a vinda gloriosa do Senhor Jesus. Intensifiquemos nosso relacionamento íntimo com Ele, tornando nossa relação com o próximo afável e fraterna, pois a bondade e a ternura são sinais da presença de Deus.

    A cada Natal, há sempre menos espaço no coração das pessoas para Cristo nascer. Parece que a presença amável do Menino-Deus perturba e atrapalha o “bem-estar” egoísta e individualista de um número crescente de gente fechada em si mesma. Não permitamos que o sentido cristão do Natal dê lugar a buscas vazias de felicidade para o coração humano. Por isso, queremos ir ao encontro do Senhor que vem, abandonando tudo o que obstaculiza Cristo nascer onde Ele ainda não nasceu no ser e no agir de cada pessoa.

    O verdadeiro cristão é precursor de Cristo, é transparência viva a quem quer ver Jesus, caminho por onde Ele quer chegar a todos. Acolhamos nosso Salvador na fé, encarnando-O em nosso jeito de ser e de amar. Queremos celebrar o aniversário de Jesus com Ele, permitindo a Maria e José renovarem a experiência de Belém em nossa própria casa e no seio de nossa família.

    Desejo que o Natal de cada diocesana e de cada diocesano aconteça num oásis de ternura, acolhimento, bondade, misericórdia, amor e paz.

    A todas e a todos um Natal repleto de alegria e santidade, com meu abraço amigo e uma especial bênção.

    Dom Nelson Westrupp, scj
    Bispo Diocesano de Santo André

  • NOVEMBRO – VISITA AD LIMINA APOSTOLORUM

    (expressão latina que significa “ao umbral (morada) dos Apóstolos”).‎

    Podemos dizer que a visita aos “túmulos dos Apóstolos” Pedro e Paulo nasceu com a própria Igreja, ‎pois, a primeira delas foi feita pelo Apóstolo Paulo que, após três anos de intenso labor missionário, subiu a ‎Jerusalém para conhecer Cefas (Pedro), permanecendo com ele quinze dias (cf. Gl 1, 18).‎

    Durante o mês de novembro de 2009, os Bispos do Regional Sul 1 (Estado de São Paulo) da CNBB ‎estarão fazendo sua visita “ad limina Apostolorum”. Segundo a legislação atual, essa visita deve ser feita a ‎cada cinco anos.‎

    Nessa circunstância, uma das tarefas específicas do Bispo diocesano é a de apresentar ao Sumo ‎Pontífice um Relatório detalhado sobre a situação da Diocese que lhe está confiada. Além de fazer chegar ‎esse Relatório às mãos do Santo Padre, o Bispo diocesano deve ir a Roma para venerar os sepulcros dos ‎Apóstolos Pedro e Paulo, bem como ser recebido em audiência pessoal pelo Romano Pontífice (cf. Código ‎de Direito Canônico, 399 e 400).‎

    Pastoralmente essas visitas adquiriram uma importância muito grande na vida atual da Igreja. Por ‎um lado, oferecem aos Bispos a oportunidade para fortalecerem a consciência da própria responsabilidade ‎de membros do Colégio Apostólico, e de sentirem mais estreitamente a sua comunhão hierárquica com o ‎Sucessor de Pedro; por outro, as visitas representam um momento central no exercício do ministério ‎universal do Santo Padre que, nesta circunstância, recebe os Pastores das Igrejas Particulares, irmãos seus ‎no episcopado, e com eles trata dos assuntos relativos à sua missão eclesial, e os confirma e sustém na fé e ‎na caridade (cf. anexo n. 1 à Constituição Apostólica Pastor Bonus).‎

    O conceito teológico da colegialidade episcopal, da Igreja Particular nas suas relações com a Igreja ‎Universal, da missão dos Bispos nesta Igreja em comunhão perfeita com o sucessor de Pedro e sua peculiar ‎autoridade e a necessária expressão concreta do “afeto colegial”, tudo isso veio infundir na “visita ad ‎limina” um conteúdo e significado novos e determinantes.‎

    As razões de hoje para uma Visita, mais do que por razões jurídicas, são feitas por razões ‎eclesiológicas. Seguindo o exemplo dos encontros de Paulo com Pedro (cf. Gl 1, 18; 2, 1-2), o encontro dos ‎Bispos com o Papa visa a fortalecer a unidade na mesma fé (“confirmar os irmãos”), esperança e caridade, e ‎dar a conhecer e apreciar o imenso patrimônio de valores espirituais e morais que a Igreja, em comunhão ‎com o Bispo de Roma, tem difundido pelo mundo inteiro.‎
    O andamento da “visita ad limina”, sobretudo, acontece em três momentos fundamentais: primeiro, ‎a peregrinação e homenagem aos túmulos dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Pastores e Colunas da Igreja ‎de Roma; segundo, o encontro pessoal com o Santo Padre, ocasião para cada Bispo professar a sua relação ‎mais profunda de comunhão afetiva e efetiva com o Chefe visível da Igreja de Cristo; terceiro, a visita aos ‎Dicastérios da Cúria Romana. Há uma íntima vinculação entre o Papa e os Organismos curiais, que são os ‎instrumentos ordinários do “ministério petrino”. Em cada um dos Dicastérios, seus respectivos Prefeitos ‎acolhem os Bispos, os quais poderão expor problemas e pedidos, receber informações, dar esclarecimentos, ‎responder a possíveis perguntas. ‎

    Os Bispos do Regional Sul 1 visitarão cerca de 12 Dicastérios, entre os quais: Congregação para a ‎Doutrina da Fé, para os Bispos, para o Clero, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os ‎Institutos de Vida Consagrada e para as Sociedades de Vida Apostólica, Congregação para a Educação ‎Católica, Comissão para a América Latina, bem como os Conselhos Pontifícios para os Leigos, para a ‎Família, para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Comunicações Sociais, Comissão da Justiça e Paz; ‎Cultura e Academia Pontifícia da Vida. ‎

    Ao preparar a visita “ad limina Apostolorum”, o Bispo, consciente de realizar um ato em vista ‎do bem da própria Diocese e de toda a Igreja, sentirá a necessidade de comprometer na reflexão ‎e na oração, toda a comunidade diocesana, a fim de favorecer o vínculo da unidade, da caridade e da ‎comunhão eclesial.‎

    Em apresentando essas rápidas considerações sobre o significado e a importância de uma “visita ao ‎umbral dos Apóstolos”, em Roma, tomo a liberdade de convidar todos/as os diocesanos/as e os ‎prezados/as leitores/as a se envolverem nessa Visita, acompanhando nossa peregrinação à Cidade Eterna ‎com suas valiosas orações.


    Dom Nelson Westrupp, scj
    Bispo Diocesano de Santo André ‎

  • OUTUBRO – LANÇAR-SE COM PAIXÃO NA MISSÃO…

    Anualmente, por ocasião do mês missionário, somos interpelados a reavivar a ‎nossa consciência missionária, reassumindo o mandato do próprio Cristo de ir ‎fazer discípulos entre todas as nações (cf. Mt 28,19).‎

    O Papa Bento XVI, em sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões ‎deste ano, enfatiza o objetivo da missão da Igreja: “iluminar com a luz do ‎Evangelho todos os povos em seu caminhar na história rumo a Deus, pois ‎Nele encontramos a sua plena realização”. Não há atividade mais nobre e ‎serviço mais elevado a ser prestado à humanidade do que proclamar o ‎Evangelho.‎

    Evangelizar é isso: levar as pessoas a Jesus, “Caminho, Verdade e Vida” ‎‎(Jo 14,6). Preocupa-me, sobremaneira, o número crescente daqueles que ‎levam um estilo de vida longe de Cristo e de seu Evangelho. Tal preocupação ‎leva-me, muitas vezes, a contemplar o Coração do Bom Pastor, em busca ‎das ovelhas fugidias às verdadeiras e abundantes pastagens por Ele ‎oferecidas.‎

    A grande preocupação nossa de cada dia deveria consistir em levar a ‎todos Cristo e Cristo a todos.‎

    O Dia Mundial das Missões é um veemente convite a que todas as ‎comunidades eclesiais se coloquem a serviço da humanidade, sobretudo, da ‎humanidade sofredora e marginalizada.‎

    Somos criados para viver em comunhão íntima com Deus. Faz parte de ‎nossa vocação fundamental. Enquanto, porém, perdurar o nosso peregrinar, ‎é tarefa nossa, como insiste Bento XVI, “contagiar” de esperança todos os ‎povos. Na medida em que estivermos impregnados e “contagiados” de ‎esperança missionária, empenhar-nos-emos, de verdade, no serviço da Boa ‎Nova do Reino.‎

    Sabemos que não é fácil comunicar o Evangelho num mundo que se ‎transforma. Mas nossa indiferença evangelizadora não nos obstaculize; antes, ‎nos torne abertos, solícitos e disponíveis para todos, a começar de nossa ‎própria casa, de nossa família… Será que os meus de casa já estão de tal ‎maneira evangelizados, aptos e prontos para evangelizar os outros? Anunciar ‎o Evangelho deve ser para nós um compromisso intransferível e inadiável.‎

    Nosso serviço missionário deverá ir além de um simples apoio material ‎ou mesmo espiritual. É preciso atingir o coração das pessoas, transformá-lo, ‎torná-lo acessível ao Evangelho do amor, deixando-se iluminar por ele, ‎tornando-se, por sua vez, “luz do mundo”, fazendo com que a luz de Deus ‎entre no mundo e o converta. Urge “contagiar” o mundo de Evangelho. ‎Evangelizaremos com o Evangelho da caridade.‎

    Após essas breves considerações, fica fácil perceber e deduzir que todo ‎‎/a batizado/a, todo/a discípulo/a de Jesus deve ser missionário/a. Assumir ‎esse compromisso não é tarefa opcional, mas, parte integrante da identidade ‎cristã (cf. DAp, 144).‎
    Olhemos para Jesus, para o seu testemunho e a sua missão: “Eu devo ‎anunciar a Boa-Nova do Reino de Deus…, pois é para isso que fui enviado” (Lc ‎‎4,43). Jesus, “Evangelho do Pai”, foi o primeiro e o maior dos evangelizadores ‎‎(cf. EN, 7).‎

    Excelente evangelizador é aquele que tem o mesmo sentir e pensar do ‎próprio Cristo (cf. Fl 2,5), conformando-se a Ele, reproduzindo em sua vida o ‎estilo de Jesus.‎

    Minha esperança é de que a missão não se limite a um mês missionário, ‎mas seja permanente, não tenha data para terminar…‎

    Queridos/a leitores/as, não se omitam nem se excluam do nobre ‎compromisso missionário. Apaixonemo-nos por Cristo, e procuremos levá-Lo ‎aos que ainda não fizeram a inenarrável experiência do encontro pessoal com ‎Ele.‎

    Senhor Jesus Cristo, concedei-nos a fortaleza e a coragem para sermos ‎missionários e missionárias, hoje e sempre.‎

    A Virgem Maria, “estrela da Evangelização”, conduza-nos nos caminhos ‎da missão.‎

    Dom Nelson Westrupp, scj
    Bispo Diocesano de Santo André

  • Ouro, incenso e mirra

    pe-eanes“Mesmo sendo contradição, a Luz brilha para toda humanidade. Mesmo na sua pequenez, manifesta a grandeza da divindade. Na pobreza da manjedoura, sua riqueza torna-se infinita. Menino Deus, homem total, mistério da salvação. Queremos entregar-te presentes e reconhecer-te como Senhor de todos os povos. Nas mãos trazemos as riquezas do nosso cansaço, das nossas fadigas, a vida que temos e tudo, trazemos a humanidade e oferecemos o que somos tentando, mesmo que pouco, assemelhar-se ao que és: Homem verdadeiro, Verdade diante do mundo e de todos.
    Reconhecemos o que sois, e sois Deus, Deus menino, semeador peregrino, libertador. Amor que dá a vida, que é caminho, sentido pleno da salvação. Amém!”

    Ao celebramos a manifestação do Senhor, a sua Epifania, queremos nos comprometer com um mundo que tenha algo a oferecer a Deus, um mundo que tenha um pouco mais de verdade, de honestidade, de paz e de justiça. Cada um de nós é parte desse mundo e os presentes a oferecer a Deus hoje são outros. Façamos a nossa parte.

    Padre Eanes Roberto de Lima
    Ex-Vigário da Paróquia São João Batista de Rudge Ramos e
    Atual Cura da Catedral de Paranatinga – MT

  • Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados

    “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”

    natalA festividade do Natal sempre nos enche de muita alegria e a emoção abarca o nosso coração. A Igreja, fundada e querida por Jesus Cristo, celebra este significativo memorial da encarnação do Verbo de Deus (Jo1,1-18). Esta grande verdade é revelada a humanidade para salvá-la do poder das trevas e introduzi-la no Reino da Luz.

    Alegremo-nos todos no Senhor, porque nasceu o Salvador. Jesus veio ao mundo trazer-nos a verdadeira paz e felicidade plena. Já não é mais uma promessa, é o próprio Senhor que habita as tendas humanas. Ali Ele se faz carne e assume nossa condição mortal, garantindo-nos assim a vida em plenitude.

    Natal, tempo de muitas luzes, a cidade se enfeita, todos estão preparando as suas casas para festejar mais um ano. Alguns preparando os seus passeios, pois é tempo de férias, hora de restaurar as energias para o recomeçar de um novo ano.

    Mas aqui paira uma pergunta: será que estamos preparando mesmo o Natal de Jesus? É Ele o grande esperado? Será a sua luz verdadeira que queremos brilhando em nossos corações? Qual é o presente que queremos ganhar? Estamos prontos para revisar a nossa vida, de verdade, para um novo começo? Podemos até responder prontamente, “é claro que é Jesus. Não tenho dúvidas!!!”

    Meus queridos amados irmãos e irmãs, é com vocês que uno o meu coração ao coração contemplativo de José e Maria. Eles, repletos de alegria, por ter tão grande presente, apresentam-No ao mundo como o Salvador da Humanidade. Oferecem-No no templo como Primogênito Unigênito, portador da Vida Eterna.

    Haverá estrela mais formosa do que esta do presépio? Os Reis a seguiram e contemplaram a sua face radiosa. Hoje, cada um de nós somos convidados especiais para contemplar o Menino no presépio da vida.

    Que oração tão bonita a do silêncio. Contemplar e deixar-se invadir pela divina graça. Impelidos pelo anúncio, tornamo-nos missionários da Boa Nova. Tanto mistério que cabe num sorriso, num aperto de ao, numa face feliz de um agradecimento.

    Neste Natal sejamos portadores desta grande “Verdade”, que tornemo-nos discípulos missionários para juntos construirmos o Reinado da Paz e da Justiça, da fraternidade sonhada por Deus para toda a humanidade.

    O sinal de Deus é a simplicidade. O sinal de Deus é o Menino. O sinal de Deus é que Ele faz-se pequeno por nós. Este é o seu modo de reinar. Ele não vem com poder e grandiosidades externas.

    A Palavra eterna fez-se pequena, tão pequena a ponto de caber numa manjedoura. Fez menino, para que a Palavra possa ser compreendida por nós. Assim, Deus nos ensina a amar os pequeninos, os frágeis.

    Cantemos como os anjos cantaram naquela noite santa: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por Ele amados”. Amém.

    A todos um “Feliz e Santo Natal” e um Ano Novo cheio das bênçãos de Deus!

    Padre Roberto Alves Marangon
    Administrador da Paróquia São João Batista de Rudge Ramos e
    Vigário Geral da Diocese de Santo André

  • Maria e a Eucaristia: o nosso porto seguro

    joMaria e a Eucaristia são porto seguro para onde o Espírito Santo conduz a sua Igreja. Aí, e somente aí, ela terá vitória, segurança e paz. É para este porto seguro que o Espírito conduz a Igreja do Brasil.

    É para aí que o Espírito Santo quer conduzir também a Igreja doméstica, que é a sua casa e a sua família. É aí, e somente aí que, nestes tempos tumultuosos de ataque cerrado sobre a família, nós teremos a vitória, a segurança e a paz de que tanto necessitamos.

    Maria e a Eucaristia são as duas colunas de guarda e proteção para a Igreja doméstica, da qual você é responsável e porto de salvação para onde estamos sendo todos conduzidos.

    Aí, e somente aí, teremos a vitória, a segurança e a paz. Paz para nossas casas.

    Vitória certa para as nossas famílias.

    Maria e a Eucaristia: o nosso porto seguro.

    Deus abençoe você!

    Seu irmão,

    Monsenhor Jonas Abib

  • O Evangelho precisa nos transformar

    A palavra profética tem o poder de acordar os surdos

    11646txtÉ tão fácil a gente cair na religião do mito. O tempo todo Jesus já nos alertava sobre o risco aos ídolos, pois a idolatria é um dos principais problemas religiosos no mundo. Esse é um risco que todos nós corremos, quando a nossa admiração por alguém ou por uma pessoa se torna essencial, colocada acima, em termos de importância, d’Aquele a quem anunciamos. Decepcione-se comigo, mas que a sua decepção comigo não seja uma decepção com Aquele a quem eu anuncio.

    Temos de viver uma religião que seja capaz de mexer com as estruturas da nossa consciência a ponto de nos fazer acordar para tudo aquilo para o qual nós dormíamos e não sabíamos que existia dentro de nós. Já estávamos inconscientes e acostumados com o nosso jeito ciumento de amar, com nosso jeito ciumento de possuir as pessoas, achando que isso era amor. Muitos de nós já éramos desonestos nas pequenas coisas e já estávamos acostumados com isso também. Até que um dia uma palavra profética varou as estruturas da nossa vida e nos incomodou.

    Uma palavra profética tem o poder de acordar os surdos e aqueles que estão dormindo e que já não escutam mais nada, num sono letárgico ou até mesmo num cumprimento de rituais inférteis, que já não servem de nada para a nossa salvação.

    É a continuidade da Santa Missa que nos salva, é a história que fica diferente em cada comunhão comungada, em cada mesa partilhada, em cada confissão realizada, é o que se segue a partir daí que nos salva. O sacramento não é a mágica de um momento, mas é a continuidade da vida que vai sendo incorporada, porque o sacramento aconteceu em nós.

    É disso que Jesus fala: “Não venha me dizer o que você fazia antes, não me importa o que você fazia. Importa-me o que você era. O que faz diferença para mim é o quanto a minha Palavra conseguiu transformar o seu coração a ponto de transformá-lo numa pessoa melhor”. De você olhar para trás e dizer: “Antes eu era assim, e pela força da Eucaristia, do Evangelho, do terço, eu mudei” – todas as manifestações religiosas que você pode ter e viver. Você percebe que a sua vida não é mais a mesma, porque você mudou o seu jeito de pensar, modificou o seu jeito de ser.

    Humanidade é isto: é trazer a luz do Ressuscitado para nós e ver que há muito para ser limpo em nosso interior. O anúncio do Evangelho é para aprendermos que não temos de ficar com as nossas poeiras e impurezas. A religião que Jesus quer de nós é esta: que fixemos os olhos no céu, que busquemos o céu. Religião que só nos mostra a cruz é uma religião infértil, porque eu não sou filho do Calvário; eu sou filho do Ressuscitado! E quem eu anuncio sempre é o Ressuscitado.

    Você não pode ficar parado no “calvário da sua vida”; todos nós passamos todos os dias por ele. Você acha que a gente vai ser santo sem sacrifício? A semente passa por todo um processo de crescimento, mas ela sabe que se não deixar de ser o que é, não atingirá seu objetivo.

    A dor é o preparo. A sua dor não pode ser em vão. O que você faz com o seu sofrimento? Faz um quadro? Faz música? A genialidade está em transformar a lata velha em ouro. Ou a dor me destrói ou eu a transformo em processo de ressurreição.

    Nossa vida é um desafio diário e não há tréguas. É um “lapidar” constante, tirando tudo o que é excesso em nós. Se eu não tivesse sofrido do jeito que sofri, se eu não tivesse amado do jeito que amei, eu não teria nada para contar a vocês.

    Não sinta vergonha de nada que você sofreu, porque depois que passou por aquele momento, você sabe o que você sofreu para chegar aonde chegou.


    Padre Fábio de Melo