Anualmente, por ocasião do mês missionário, somos interpelados a reavivar a nossa consciência missionária, reassumindo o mandato do próprio Cristo de ir fazer discípulos entre todas as nações (cf. Mt 28,19).
O Papa Bento XVI, em sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões deste ano, enfatiza o objetivo da missão da Igreja: “iluminar com a luz do Evangelho todos os povos em seu caminhar na história rumo a Deus, pois Nele encontramos a sua plena realização”. Não há atividade mais nobre e serviço mais elevado a ser prestado à humanidade do que proclamar o Evangelho.
Evangelizar é isso: levar as pessoas a Jesus, “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14,6). Preocupa-me, sobremaneira, o número crescente daqueles que levam um estilo de vida longe de Cristo e de seu Evangelho. Tal preocupação leva-me, muitas vezes, a contemplar o Coração do Bom Pastor, em busca das ovelhas fugidias às verdadeiras e abundantes pastagens por Ele oferecidas.
A grande preocupação nossa de cada dia deveria consistir em levar a todos Cristo e Cristo a todos.
O Dia Mundial das Missões é um veemente convite a que todas as comunidades eclesiais se coloquem a serviço da humanidade, sobretudo, da humanidade sofredora e marginalizada.
Somos criados para viver em comunhão íntima com Deus. Faz parte de nossa vocação fundamental. Enquanto, porém, perdurar o nosso peregrinar, é tarefa nossa, como insiste Bento XVI, “contagiar” de esperança todos os povos. Na medida em que estivermos impregnados e “contagiados” de esperança missionária, empenhar-nos-emos, de verdade, no serviço da Boa Nova do Reino.
Sabemos que não é fácil comunicar o Evangelho num mundo que se transforma. Mas nossa indiferença evangelizadora não nos obstaculize; antes, nos torne abertos, solícitos e disponíveis para todos, a começar de nossa própria casa, de nossa família… Será que os meus de casa já estão de tal maneira evangelizados, aptos e prontos para evangelizar os outros? Anunciar o Evangelho deve ser para nós um compromisso intransferível e inadiável.
Nosso serviço missionário deverá ir além de um simples apoio material ou mesmo espiritual. É preciso atingir o coração das pessoas, transformá-lo, torná-lo acessível ao Evangelho do amor, deixando-se iluminar por ele, tornando-se, por sua vez, “luz do mundo”, fazendo com que a luz de Deus entre no mundo e o converta. Urge “contagiar” o mundo de Evangelho. Evangelizaremos com o Evangelho da caridade.
Após essas breves considerações, fica fácil perceber e deduzir que todo /a batizado/a, todo/a discípulo/a de Jesus deve ser missionário/a. Assumir esse compromisso não é tarefa opcional, mas, parte integrante da identidade cristã (cf. DAp, 144).
Olhemos para Jesus, para o seu testemunho e a sua missão: “Eu devo anunciar a Boa-Nova do Reino de Deus…, pois é para isso que fui enviado” (Lc 4,43). Jesus, “Evangelho do Pai”, foi o primeiro e o maior dos evangelizadores (cf. EN, 7).
Excelente evangelizador é aquele que tem o mesmo sentir e pensar do próprio Cristo (cf. Fl 2,5), conformando-se a Ele, reproduzindo em sua vida o estilo de Jesus.
Minha esperança é de que a missão não se limite a um mês missionário, mas seja permanente, não tenha data para terminar…
Queridos/a leitores/as, não se omitam nem se excluam do nobre compromisso missionário. Apaixonemo-nos por Cristo, e procuremos levá-Lo aos que ainda não fizeram a inenarrável experiência do encontro pessoal com Ele.
Senhor Jesus Cristo, concedei-nos a fortaleza e a coragem para sermos missionários e missionárias, hoje e sempre.
A Virgem Maria, “estrela da Evangelização”, conduza-nos nos caminhos da missão.
Dom Nelson Westrupp, scj
Bispo Diocesano de Santo André