(expressão latina que significa “ao umbral (morada) dos Apóstolos”).
Podemos dizer que a visita aos “túmulos dos Apóstolos” Pedro e Paulo nasceu com a própria Igreja, pois, a primeira delas foi feita pelo Apóstolo Paulo que, após três anos de intenso labor missionário, subiu a Jerusalém para conhecer Cefas (Pedro), permanecendo com ele quinze dias (cf. Gl 1, 18).
Durante o mês de novembro de 2009, os Bispos do Regional Sul 1 (Estado de São Paulo) da CNBB estarão fazendo sua visita “ad limina Apostolorum”. Segundo a legislação atual, essa visita deve ser feita a cada cinco anos.
Nessa circunstância, uma das tarefas específicas do Bispo diocesano é a de apresentar ao Sumo Pontífice um Relatório detalhado sobre a situação da Diocese que lhe está confiada. Além de fazer chegar esse Relatório às mãos do Santo Padre, o Bispo diocesano deve ir a Roma para venerar os sepulcros dos Apóstolos Pedro e Paulo, bem como ser recebido em audiência pessoal pelo Romano Pontífice (cf. Código de Direito Canônico, 399 e 400).
Pastoralmente essas visitas adquiriram uma importância muito grande na vida atual da Igreja. Por um lado, oferecem aos Bispos a oportunidade para fortalecerem a consciência da própria responsabilidade de membros do Colégio Apostólico, e de sentirem mais estreitamente a sua comunhão hierárquica com o Sucessor de Pedro; por outro, as visitas representam um momento central no exercício do ministério universal do Santo Padre que, nesta circunstância, recebe os Pastores das Igrejas Particulares, irmãos seus no episcopado, e com eles trata dos assuntos relativos à sua missão eclesial, e os confirma e sustém na fé e na caridade (cf. anexo n. 1 à Constituição Apostólica Pastor Bonus).
O conceito teológico da colegialidade episcopal, da Igreja Particular nas suas relações com a Igreja Universal, da missão dos Bispos nesta Igreja em comunhão perfeita com o sucessor de Pedro e sua peculiar autoridade e a necessária expressão concreta do “afeto colegial”, tudo isso veio infundir na “visita ad limina” um conteúdo e significado novos e determinantes.
As razões de hoje para uma Visita, mais do que por razões jurídicas, são feitas por razões eclesiológicas. Seguindo o exemplo dos encontros de Paulo com Pedro (cf. Gl 1, 18; 2, 1-2), o encontro dos Bispos com o Papa visa a fortalecer a unidade na mesma fé (“confirmar os irmãos”), esperança e caridade, e dar a conhecer e apreciar o imenso patrimônio de valores espirituais e morais que a Igreja, em comunhão com o Bispo de Roma, tem difundido pelo mundo inteiro.
O andamento da “visita ad limina”, sobretudo, acontece em três momentos fundamentais: primeiro, a peregrinação e homenagem aos túmulos dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Pastores e Colunas da Igreja de Roma; segundo, o encontro pessoal com o Santo Padre, ocasião para cada Bispo professar a sua relação mais profunda de comunhão afetiva e efetiva com o Chefe visível da Igreja de Cristo; terceiro, a visita aos Dicastérios da Cúria Romana. Há uma íntima vinculação entre o Papa e os Organismos curiais, que são os instrumentos ordinários do “ministério petrino”. Em cada um dos Dicastérios, seus respectivos Prefeitos acolhem os Bispos, os quais poderão expor problemas e pedidos, receber informações, dar esclarecimentos, responder a possíveis perguntas.
Os Bispos do Regional Sul 1 visitarão cerca de 12 Dicastérios, entre os quais: Congregação para a Doutrina da Fé, para os Bispos, para o Clero, para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para os Institutos de Vida Consagrada e para as Sociedades de Vida Apostólica, Congregação para a Educação Católica, Comissão para a América Latina, bem como os Conselhos Pontifícios para os Leigos, para a Família, para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Comunicações Sociais, Comissão da Justiça e Paz; Cultura e Academia Pontifícia da Vida.
Ao preparar a visita “ad limina Apostolorum”, o Bispo, consciente de realizar um ato em vista do bem da própria Diocese e de toda a Igreja, sentirá a necessidade de comprometer na reflexão e na oração, toda a comunidade diocesana, a fim de favorecer o vínculo da unidade, da caridade e da comunhão eclesial.
Em apresentando essas rápidas considerações sobre o significado e a importância de uma “visita ao umbral dos Apóstolos”, em Roma, tomo a liberdade de convidar todos/as os diocesanos/as e os prezados/as leitores/as a se envolverem nessa Visita, acompanhando nossa peregrinação à Cidade Eterna com suas valiosas orações.
Dom Nelson Westrupp, scj
Bispo Diocesano de Santo André