“GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS, E PAZ NA TERRA AOS QUE ELE AMA!” (Lucas 2, 14)


Por Ricardo Alvarenga

Novena_Natal_2015Estamos nos aproximando das festividades do nascimento do Senhor. Antes dessa importante data, somos agraciados com as ricas reflexões do tempo litúrgico do Advento, que nos ajuda a reparar o coração e motivar nossas atitudes para bem viver o Natal do Senhor.

Sabemos que há muito tempo o Natal vem sendo resignificado; vem deixando de ser a festa do nascimento de Jesus e se tornou uma festa à serviço do modelo capitalista, que escraviza, aprisiona as pessoas à necessidade de consumir sem parar e esvazia de sentido nossas vidas e corações.

Precisamos fazer frente a esse modelo tão destrutivo, que corrói a nossa sociedade e não nos permite viver sentimentos tão lindos como os que estão presentes nas festividades natalinas. O verdadeiro sentido do Natal está na confraternização, no encontro, na alegria do nascimento, na festa pela e para a vida.

Neste momento em que vivemos, acredito que duas coisas podem nos ajudar muito a viver bem esse tempo do Natal de 2015. Primeiro, aproximar-se das pessoas, dos necessitados. Quando falo de necessitados, não me refiro apenas aos mendigos e moradores de rua – que muito necessitam de nossa atenção e ajuda -, mas também dos necessitados que habitam a nossa casa, que dormem no quatro ao lado, com os quais muitas vezes nos comunicamos tão superficialmente ou somos incapazes de acolher com suas mazelas e limitações. Uma segunda atitude seria a oração pela paz no mundo. Talvez seja comum e até compreensível que se agradeça a Deus por não ter chegado ao Brasil as guerras e os atentados terroristas. De fato, esse agradecimento é completamente compreensivo, porém, quando fazemos isso muitas vezes esquecemos que a oração mais necessária seria por aqueles que tanto sofrem com as guerras. Precisamos dedicar um tempo especial para orar, pedindo a paz para os lugares que vivem em conflito.

O Papa Francisco afirmou, durante uma Missa no dia 19 de novembro de 2015, no Vaticano, que as festividades de Natal soam falsas em um mundo que escolheu viver a guerra e o ódio. “Estamos perto do Natal: haverá luzes, festas, árvores iluminadas, presépios, (…) mas é tudo falso. O mundo continua em guerra, fazendo guerras, não compreendeu o caminho da paz”, lamentou o pontífice. No final do Evangelho que vamos ouvir na missa do Natal do Senhor, é narrado o nascimento de Jesus. O texto termina com um trecho que me parece muito oportuno destacar: “E de repente uma multidão do exército celeste juntou-se ao anjo, e louvavam a Deus, dizendo: Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos que ele ama!” (Lc 2, 14).

Que nestes dias favoráveis à bondade e mansidão possamos nos unir em uma verdadeira corrente pela paz mundial, sem cair no erro de achar que Deus abandonou a humanidade. Celebrar o nascimento do Senhor todos os anos é justamente mostrar que Deus constantemente reafirma conosco seu compromisso de amor. Mas ele sempre nos deixa livres para que possamos fazer nossas escolhas.

Recentemente, assisti a um vídeo de uma menina iraquiana, chamada Myriam, que vive em um campo de concentração, pois sua cidade foi destruída pela guerra. Durante a conversa, o repórter pergunta para a menina o que ela tinha de mais precioso na sua cidade. Ela responde que era a sua casa e continua: “Mas agradeço a Deus. Ele tem provido para nós”. Que, assim como essa menina, possamos carregar sempre dentro do nosso coração a certeza de que Deus é por nós e que nós podemos e devemos pedir e fazer pela paz.

Siga a Paróquia nas redes sociais