Categoria: Artigos

  • Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro

    cartazUnidade de todas as Igrejas Cristãs no Brasil presentes no CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs) refletem juntas sobre o tema e o lema da Campanha da fraternidade deste ano: “Economia e Vida’’ e: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt. 6, 24).

    Esta é a terceira Campanha da Fraternidade realizada de forma ecumênica, e tem como objetivo geral “colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em vista de uma sociedade sem exclusão”. É necessário conclamar a todos para construir uma nova sociedade, educar essa mesma sociedade afirmando que um novo modelo econômico é possível, e denunciar as distorções da realidade econômica existente, para que a economia esteja a serviço da vida.

    Nesta Campanha da Fraternidade Ecumênica, as comunidades são convocadas a deixar-se interpelar pelas palavras de Jesus: “Não ajunteis tesouros na Terra… (Mt. 6,24).

    Toda a vida de Jesus foi um testemunho de simplicidade no uso dos bens materiais, de solidariedade com os pobres, de distribuição gratuita dos dons de Deus.

    Este trabalho demonstra concretamente o esforço que desenvolveram para a união de todos os que creem em Jesus Cristo, no sentido de realizar o projeto do reino de Deus na vida das pessoas, visando um mundo mais justo e fraterno.

    Economia e Vida são duas palavras que parecem hoje não fazer parte do mesmo mundo. Na economia não cabe a vida. Na Vida não cabe a economia. Tudo isso porque o modo como o sistema econômico mundial opera e acumula riquezas em uma ponta, despreza a vida e produz pobreza na outra ponta. É por isso que é incompatível servir a Deus e ao dinheiro: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt. 6,24)

    Vida e economia, porém, não são excludentes entre si. Na vida, desejada e ofertada por Deus, cabe a dimensão econômica, o trabalho e a renda do trabalho, o pão de cada dia e a partilha do alimento, a casa onde morar e a hospitalidade, a boa saúde e o cuidado para com quem precisa de cuidado, o descanso necessário e a oferta de ação de graças…

    Cartaz da Campanha da Fraternidade 2010

    O fundo escuro evoca a penumbra de um templo onde, no recolhimento da oração, as mãos em atitude de suplica diante de uma vela feita não de cera, mas de dinheiro, revelam o drama do ser humano que precisa de bens materiais para satisfazer suas necessidades, mas que pode também tornar escravo da ganância.

    Aquelas mãos suplicantes dirigem uma prece a Deus, ou ao dinheiro como se fosse Deus? É a luz de Deus que ilumina, ou é o cintilar do ouro que atrai?

    Este cartaz convida você a se libertar da dependência dos bens materiais. A por a sua confiança em Deus. A fugir da ganância e do egoísmo. A cultivar sentimentos de Fraternidade. A contribuir com o seu trabalho e os seus bens, para a construção de um mundo mais justo e solidário.

  • Quaresma

    Quaresma: Tempo de silêncio, reflexão e penitência
    Quarta-feira de cinzas

    Você sabe de onde vêm as cinzas que recebemos na Quarta-Feira de Cinzas? Você acha que é papel queimado? Graveto queimado? Carvão triturado? Se você não sabe, as cinza vêm dos ramos bentos do Domingo de Ramos do ano anterior.
    Está se aproximando a Páscoa, e por sua grandeza, merece uma preparação à altura. Começa na quarta-feira de cinzas a nossa preparação para a Páscoa. E como inauguramos esta preparação? Colocando cinza sobre a nossa cabeça, como sinal de penitência, isto é, como sinal de que estamos dispostos a nos alinharmos no caminho de Deus com seu projeto de justiça e paz para todos. Além disso, passamos esse dia fazendo jejum, também como sinal de penitência.

    O que quer dizer Quaresma?

    A quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quinta-feira da Semana Santa, é o tempo que nos preparamos para a Páscoa. O período é reservado para a reflexão, a conversão espiritual, ou seja, o católico deve se aproximar de Deus visando o crescimento espiritual. Os fiéis são convidados a uma comparação entre suas vidas e a mensagem cristã expressa nos Evangelhos. Esta comparação significa um recomeço, um renascimento para as questões espirituais e de crescimento pessoal. O cristão deve intensificar a prática dos princípios essenciais de sua fé com o objetivo de ser uma pessoa melhor e proporcionar o bem para os demais.
    Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, no qual os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa.

    Qual o significado destes 40 dias?

    Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, é relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.

    O que devemos fazer na Quaresma?

    A Igreja católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na quarta-feira de cinzas, três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade. Não somente durante a Quaresma, mas em todos os dias de sua vida, o cristão deve buscar o Reino de Deus, ou seja, lutar para que exista justiça, a paz e o amor em toda a humanidade. Os cristãos devem então recolher-se para a reflexão para se aproximar de Deus. Esta busca inclui a oração, a penitência e a caridade, esta última como uma conseqüência da penitência.
    Que o Cristo Pascal nos ajude, para que o nosso jejum seja agradável a Deus e nos sirva de remédio para a cura dos nossos vícios. E assim possamos celebrar dignamente a Páscoa de Cristo e nossa Páscoa.

  • O Som Católico

    Você já ouviu falar em axé católico? White metal? Pop católico? Pois é meu irmão, quem pensa que a Santa Igreja parou no tempo está redondamente enganado. Tem muito som legal por aí e que pode fazer parte do seu playlist, basta ir atrás e conhecer.

    A banda Eterna, por exemplo, que existe desde 1996, é mais pesada, conhecido como white metal, porque seu rock fala da realidade cristã. Para quem gosta de algo mais light, como um pop rock, tem o Alexandre Soul (que foi integrante do Eterna); o Eros Biondini, da comunidade Canção Nova, e o Rosa de Saron.

    Já para os que curtem pop e MPB, a pedida é a banda Dom (uma de suas músicas mais conhecidas é “Coração Adorador”), ou o cantor Maninho. Há também cantoras como: Celina Borges (que canta “Busque o Alto”), Eliana Ribeiro (“Livre Acesso”), Adriana (conhecida pelas músicas “Lindo Céu” e “A chave do coração”) e Jean, que tem versões em português para aqueles hits do filme Mudança de Hábito, “Oh Maria” e “Eu o seguirei.”

    O axé também não fica de fora, a banda Exodus tem uma versão bem legal de “Maria, mãe da Igreja”, além dessa, há o conjunto Dominus. Mas para quem quer algo para preencher a alma, Walmir Alencar e Toca de Assis são capazes de fazer maravilhas.

    Existe ainda uma infinidade de cantores e conjuntos cristãos especializados nos mais diferentes ritmos e para todos os gostos: Vida Reluz; Cantores de Deus (no qual faz parte o Juninho do ministério de música do nosso grupo de oração); Salette Ferreira; Ziza Fernandes; Anjos de Resgate e muitos outros cantores e grupos.

    O negócio é procurar, pois a Santa Igreja está em todas as mídias, oferecendo um rico leque de opções para que todos possam se encaixar, para que todos participem. A música é um dos principais meios para isso. Preencha sua vida com Deus! Ouça o som católico!

  • A busca da compreensão do Ser de Deus

    comp1Queridos irmãos e irmãs, como é bonito estarmos reunidos para celebrar a vida. Seja nas celebrações eucarísticas, na reza do terço ou grupos de novenas, sempre devemos celebrar com entusiasmo, pois são meios que nos inserem no íntimo de Deus. Porém, para não cair no perigo de fazer um Deus submisso as minhas vontades é necessário ter sempre presente em nossa vida à pergunta: Quem é Deus?

    Essa pergunta deve ser bem compreendida, pois partindo de nossa formação enquanto pessoa, vamos expressando o Deus que cultuamos. Se eu sou uma pessoa que não consigo partilhar, perdoar, amar, eu não consigo fazer da minha vida um lugar onde Deus se revela como Ele é. Se me entrego aos fracassos, não percebo na minha fragilidade a força de Deus atuando.
    As ideias de Deus são múltiplas, mas nós temos um grande paradigma que nos auxilia na verdadeira compreensão de Deus na pessoa de Jesus Cristo (Cf. Jo 14,9). Ele enquanto Deus assumiu nossa humanidade não para que ela continuasse com o peso da culpa e do pecado, mas que fossem filhos amados e livres de Deus.

    Jesus nunca foi solitário, mesmo quando ia para o monte rezar, sempre estava na presença do Pai (Cf. Lc 6, 12). Por isso, nossa vida nunca é solitária, mas comunitária. É na comunidade, seja ela família, trabalho, bairro ou igreja, que temos o encontro com o verdadeiro Deus. Isso se dá no convívio diário. Deus cuida com carinho de cada filho amado e pede que seu sentimento chegue ao coração dos homens nas nossas ações.

    Que São João Batista nos ajude a cada dia vivenciar em nossa vida o verdadeiro ser de Deus. Que na alegria de nossa vida possamos amar e cuidar de nossos irmãos revelando a presença confortadora e carinhosa do Criador.

    Pe. Flávio José dos Santos
    Vigário Paróquia São João Batista

  • O tempo passa

    Palavra do Padre

    O Tempo vai passando, mais um ano estamos iniciando, mais uma etapa da nossa história vamos construindo. Grandes e pequenos desafios vão se apresentando, momentos de sombras, momentos de luz.

    Acredito que é tempo de falar de esperança. Fomos visitados por grandes conflitos humanos nos mais distintos setores da nossa convivência. Catástrofes e respostas da natureza ameaçada já são vistos e sentidos por todo o nosso planeta.

    Olhar para o nada, para o absurdo e desanimar? Jamais! Somos cristãos e nossa esperança vai além dos momentos de crucificação e de dor. Somos filhos e filhas do vibrante canto da feliz ressurreição. O Senhor restaura, Ele dá vigor e vida nova.

    Não somos redimidos pela força da natureza ou pela tecnologia que atônitos vislumbramos. A ciência nos ensina a interpretar os acontecimentos que estão a nossa volta. Deus nos ensina a olhar para além das aparências e sentidos. Somos redimidos sim pelo amor, somos reintegrados pela gratuidade do ser que amando não conhece limite para o exercício do amor-caridade.

    Como afirma o Papa Bento XVI: “O ser humano necessita do amor incondicionado. Precisa daquela certeza que o faz exclamar: “Nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,38-39)” (SpS 26).

    Com Jesus ao nosso lado, caminhos seguros, certos do que devemos fazer. Ele não nos decepciona, Ele nos assegura a redenção, a remis-são dos pecados e a vida nova que há de vir.

    Se estivermos distanciados, isolados, fracos na fé, sem esperança, caminharemos no escuro e nosso existir será uma estrada insegura, cheia de ilusões passageiras, devaneios, do nada sairemos e no absurdo permaneceremos.

    Agora é o tempo de conhecer mais profunda-mente o Deus verdadeiro, Jesus Cristo nosso único Senhor e vivermos no amor emanado no Espírito Santo que nos revela as maravilhas da essência da verdadeira divindade.

    “Precisamos de esperanças menores e maiores que, dia após dia, nos mantêm a caminho. Entretanto, sem a grande esperança que deve superar todo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir. Deus é o fundamento da esperança – um Deus que tem um rosto humano e nos amou até o fim: cada indivíduo e a humanidade no seu conjunto. O seu reino não é um além imaginário, colocado num futuro que nunca mais chega; o seu reino está presente onde Ele é amado e onde o seu amor nos alcança. Somente o seu amor nos dá a possibilidade de perseverar com toda a sobriedade dia após dia, sem perder o ardor da esperança, num mundo que por natureza, é imperfeito.” (SpS 31)
    Queridos e amados, irmãos e irmãs, caminhemos firmes nesta esperança e nesta alegria temos certeza que nossos dias serão de paz e verdadeira felicidade.

    Muitas e especiais bênçãos!

    Pe. Roberto Alves Marangon
    Administrador da Paróquia São João Batista e
    Vigário Geral da Diocese de Santo André

  • Assembléia Diocesana de Pastoral

    RUMO À 8ª ASSEMBLEIA DIOCESANA DE PASTORAL

    Já estamos no décimo ano do terceiro milênio. Muitas coisas aconteceram nesse decênio e outras acontecerão ao longo do novo ano. Coisas boas e coisas menos boas.

    Ao iniciarmos um novo ano, novas esperanças renascem em nosso coração, em nossa família, em nossa comunidade… Diariamente somos convocados a entrar em campo, a tomar parte no jogo da vida, desempenhando a nossa função específica, jogando na própria posição, sem esmorecer nem aguardar por alguém que venha completar a obra que nos compete realizar até o fim. Cada qual é protagonista do próprio destino.

    Olhando para a Diocese de Santo André, o ano dois mil e dez ficará guardado na memória do coração, graças a vários eventos a serem levados a termo, dentre os quais destacamos a realização da 8ª Assembleia Diocesana de Pastoral (8ª ADP), agendada para os dias 20 e 21 de abril. Obviamente o resultado dessa Assembleia dependerá do envolvimento e do entusiasmo de todos e de cada participante. Neste sentido, contamos com o engajamento pessoal e generoso de cada sacerdote e de cada diácono permanente da Diocese. Contamos também com a disponibilidade das religiosas e dos religiosos, das pessoas consagradas e dos seminaristas. Queremos contar igualmente com a habitual prontidão dos fiéis leigos e leigas comprometidos com a construção do Reino de Deus. Juntos, temos a grande e histórica responsabilidade de levar adiante a obra da evangelização e da formação cristã da sociedade, que é decisiva para uma profunda vida de fé.

    A maioria das Paróquias, demonstrando espírito de comunhão eclesial, já realizou suas Assembleias em vista da 8ª ADP. Outras há que ainda não realizaram suas Assembleias. Que direi às que já realizaram suas Assembleias? Acaso as louvarei? Sim, neste ponto não as posso deixar de louvar (cf. 1 Cor 1, 22). Em alguns casos, é preciso, talvez, desenvolver e compreender melhor o sentido de “dioceseneidade”, isto é, o que significa pertencer efetiva e afetivamente à mesma Diocese.
    Na preparação da 8ª ADP deve prevalecer o espírito de comunhão e de participação, o espírito construtivo e otimista, rechaçando-se todo pessimismo e indiferentismo e toda amargura… Não é difícil identificar pessoas e situações que retardam o avanço do Reino. Alguns são mestres em observar o cisco no olho do outro e não reparam na trave que está no seu próprio olho (cf. Mt 7, 3). Nunca, porém, é tarde demais para a conversão da mente e do coração, nem para a conversão pastoral.

    Nosso grande apelo e, ao mesmo tempo, grande esperança, é de que ninguém se autoexclua da preparação próxima para a 8ª ADP: nenhuma Paróquia, nenhuma Pastoral, nenhum Movimento, nenhum Organismo… Precisamos estar engajados e empenhados no mesmo projeto evangelizador, “porque um projeto só é eficiente, se cada comunidade cristã, cada paróquia, cada associação ou movimento e cada pequena comunidade se inserem ativamente na pastoral orgânica de cada diocese. Cada uma é chamada a evangelizar de modo harmônico e integrado no projeto pastoral da Diocese” (DAp, 169). Esse é o nosso desejo ardente. Enfim, façamos da oração a melhor preparação para a 8ª ADP da Diocese de Santo André.

    Queremos, outrossim, iniciar o novo ano contemplando o “Príncipe da Paz” (Is 9, 5). Jesus “é a nossa paz”, que veio derrubar o “muro da inimizade” de dois povos, fazendo um só povo (cf. Ef 2, 14). Iluminados com a luz de Cristo, o grande pacificador da humanidade, queremos percorrer cada dia do ano dois mil e dez.

    A todos os Leitores e a todas as Leitoras de “A Boa Notícia” votos de um novo ano repleto de paz, saúde e muita serenidade de espírito. Uma especial bênção a todas e a todos.

    Dom Nelson Westrupp, scj
    Bispo Diocesano de Santo André

  • Mensagem de Natal do Papa Bento XVI

    Aos pastores acampados sobre as colinas de Belém e, hoje a nós, habitantes de todo este nosso mundo, o Anjo do Natal repete: “Nasceu-vos hoje o Salvador; nasceu para vós! Vinde, vinde para adorá-Lo!”

    Mas, tem ainda algum valor e significado um “Salvador” para o homem do terceiro milênio? Será ainda necessário um Salvador para o homem que alcançou a Lua e Marte, e se dispõe a conquistar o universo; o homem que investiga indefinidamente os segredos da natureza e chega até decifrar os códigos maravilhosos do genoma humano? Necessita de um Salvador o homem que inventou a comunicação interativa, que navega no oceano virtual da internet e, graças às mais modernas tecnologias dos meios de comunicação, já fez da Terra, esta grande casa comum, uma pequena aldeia global? Apresenta-se confiante e auto-suficiente artífice do próprio destino, fabricante entusiasta de indiscutíveis sucessos este homem do vigésimo primeiro século.

    Como não pensar que, mesmo do fundo desta humanidade satisfeita e desesperada, levanta-se um clamor aflitivo de ajuda? É Natal: hoje entra no mundo “a luz verdadeira, que todo o homem ilumina” (Jo 1,9). “O verbo fez-se carne e habitou entre nós” (Jo 1,14), proclama João evangelista. Hoje, precisamente hoje, Cristo vem novamente “entre os Seus” e a quem o recebe dá “o poder de se tornar filho de Deus”; ou seja, oferece a possibilidade de ver a glória divina e de compartilhar a alegria do Amor, que em Belém fez-se carne por nós. Hoje mesmo, “o nosso Salvador nasceu no mundo”, porque sabe que precisamos d’Ele. Não obstante as numerosas formas de progresso, o ser humano permaneceu igual ao de sempre: uma liberdade dividida entre bem e mal, entre vida e morte. É precisamente ali, no seu íntimo, naquilo que a Bíblia chama de “coração”, onde ele tem sempre necessidade de ser “salvo”. E talvez, na época atual pós-moderna, tem ainda mais necessidade de um Salvador, porque a sociedade em que vive tornou-se ainda mais complexa, e mais enganosa tornaram-se as ameaças para a sua integridade pessoal e moral. Quem pode defendê-lo senão Aquele que o ama, a ponto de sacrificar na cruz o seu Filho unigênito como o Salvador do mundo?

    “Salvator noster”, Cristo é o Salvador, também do homem de hoje. (…) Esta é a nossa esperança; este é o anúncio que a Igreja faz ressoar também neste Natal.

    O nosso Salvador nasceu para todos. Devemos proclamá-lo não somente com palavras, mas também com toda a nossa vida, dando ao mundo o testemunho de comunidades unidas e abertas, nas quais reina a fraternidade e o perdão, a acolhida e o serviço recíproco, a verdade, a justiça e o amor.

    Papa Bento XVI

  • Levantai as vossas cabeças, pois a vossa libertação está próxima

    Levantai as vossas cabeças, pois a vossa libertação está próxima (Lc 21,28)

    padre-flavioMeus queridos irmãos e irmãs, antes de celebrarmos a festa da encarnação do Verbo, a Igreja celebra o tempo do Advento. O Advento (do latim Adventus: “chegada”, do verbo Advenire: “chegar a”) é o primeiro tempo do Ano Litúrgico, o qual antecede o Natal. Um tempo de preparação e alegria, de expectativa, vivendo na espera do menino Deus o arrependimento, promovendo a fraternidade e a Paz.

    O Advento recorda a trajetória da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo.

    O caráter missionário do Advento se manifesta na Igreja pelo anúncio do reino e sua acolhida pelo coração do homem até a manifestação gloriosa de Cristo. As figuras do nosso padroeiro São João Batista e Maria são exemplos concretos da vida missionária de cada cristão que, preparando o caminho do Senhor, leva o irmão ao Cristo para a santificação.

    Vários símbolos do Advento nos ajudam a mergulhar no mistério da encarnação e a vivenciar melhor este tempo. Entre eles há a coroa do ou grinalda do Advento. Ela é feita de galhos sempre verdes entrelaçados, formando um círculo, no qual são colocadas quatro grandes velas representando as quatro semanas do Advento. A coroa pode ser colocada ao lado do altar ou em qualquer outro lugar visível. O círculo não tem princípio, nem fim. É sinal do amor de Deus, que é eterno, sem princípio e nem fim, e também do nosso amor a Deus e ao próximo, que nunca deve terminar. Além disso, o círculo dá ma idéia de “elo”, de união entre Deus e as pessoas, como uma grande “Aliança”.

    No início vemos nossa coroa sem luz e sem brilho. Nos recorda a experiência da escuridão do pecado. A medida em que se vai aproximando o Natal, vamos ao passo das semanas do Advento ascendendo uma a uma as quatro velas, representando assim a chegada, em meio de nós, do Senhor Jesus, luz do mundo, quem dissipa toda a escuridão, trazendo aos nossos corações a reconciliação tão esperada. A primeira vela lembra o perdão concedido à Adão e Eva. A segunda simboliza a fé de Abraão e dos patriarcas, a quem foi anunciada a Terra Prometida. A terceira lembra a alegria do rei Davi que recebeu de Deus a promessa de uma aliança eterna. A quarta recorda os profetas que anunciaram a chegada do Salvador.

    Portanto, que o Advento nos ajude a questionar e aprofundar a vivência da pobreza. Não pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a confiar, se abandonar e depender inteiramente de Deus. Pobreza que tem n’Ele a única riqueza, a única esperança e que conduz à verdadeira humildade, mansidão e posse do Reino.

    Padre Flávio José dos Santos
    Vigário da Paróquia São João Batista de Rudge Ramos