Categoria: Palavra do Bispo

  • Mensagem de D. Pedro à Diocese de Sto. André

    Mensagem de D. Pedro à Diocese de Sto. André

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    MENSAGEM DE SAUDAÇÃO À DIOCESE DE SANTO ANDRÉ

    “Em nome de Je­sus” (Cl 3,17), ve­nho até vo­cês ama­dos ir­mãos e ir­mãs da Di­o­cese de Santo An­dré, para sau­dar a to­dos com um abraço fra­terno. Dirijo-me a to­dos vo­cês, mem­bros desta Igreja que está nos mu­ni­cí­pios de Santo An­dré, São Ber­nardo, São Ca­e­tano, Di­a­dema, Mauá, Ri­bei­rão Pi­res e Rio Grande da Serra. Saúdo to­das as au­to­ri­da­des cons­ti­tuí­das no po­der le­gis­la­tivo, ju­di­ciá­rio e exe­cu­tivo. Dirijo-me fra­ter­nal­mente às pes­soas de boa von­tade, que mesmo não co­mun­gando a fé ca­tó­lica, tra­ba­lham pelo bem do pró­ximo e cons­tru­ção de uma so­ci­e­dade justa e fra­terna.

    Deus sem­pre nos sur­pre­ende, como diz o Papa Fran­cisco. Surpreendeu-me com a no­me­a­ção para ser vosso novo Bispo. Com o co­ra­ção nas mãos quero fa­lar de co­ra­ção a co­ra­ção pois, para vós sou bispo mas con­vosco sou cris­tão que busca cum­prir a mis­são.

    A Di­o­cese de Santo An­dré é que­rida e des­ta­cada na Igreja do Bra­sil por sua his­tó­ria e atu­a­ção em fa­vor do Reino de Deus, na Re­gião Me­tro­po­li­tana da Grande São Paulo, a Re­gião do ABC; Neste lo­cal que é por as­sim di­zer o cen­tro in­dus­trial de nosso País. Saúdo o Sr. Car­deal Ar­ce­bispo e os bis­pos da Pro­vín­cia Ecle­siás­tica de São Paulo e Sub-Regional. São meus ir­mãos que­ri­dos.

    A tra­je­tó­ria bo­nita e atu­ante, os gran­des bis­pos que por aí pas­sa­ram, o em­pe­nho do pres­bi­té­rio, diá­co­nos, se­mi­na­ris­tas, re­li­gi­o­sos, re­li­gi­o­sas e con­sa­gra­dos in­se­ri­dos nesta Igreja, e a força da atu­a­ção dos cris­tãos lei­gos e lei­gas, dis­cí­pu­los e mis­si­o­ná­rios do Evan­ge­lho, tes­te­mu­nham uma Igreja ma­dura nos seus 60 anos de ca­mi­nhada. Igreja que deve con­ti­nuar avan­çando sem­pre mais, unida e sem medo de lan­çar as re­des em águas mais pro­fun­das.

    Uma sau­da­ção es­pe­cial aos pa­dres que for­mam o que­rido Pres­bi­té­rio: “vós sois tes­te­mu­nhas do so­fri­mento de Cristo e par­ti­ci­pan­tes da gló­ria que vai ser re­ve­lada” (1Pd 5,1). Con­tem co­migo, as­sim como es­pero po­der con­tar com vo­cês! Saúdo a to­dos com afeto de pai, ir­mão e amigo.

    Pe­rante to­dos vo­cês, di­o­ce­sa­nos, eu ve­nho, “em nome de Je­sus”, para amar e ser­vir na fun­ção que mis­te­ri­o­sa­mente me foi con­fi­ada, não por meus mé­ri­tos, mas pela in­fi­nita graça e mi­se­ri­cór­dia de Deus. Sei que Deus es­co­lhe o fraco e des­pre­zí­vel, para fa­zer bri­lhar uni­ca­mente o seu po­der. Sinto-me re­al­mente pe­queno e li­mi­tado, di­ante da gran­di­o­si­dade desta Igreja e da mis­são a re­a­li­zar. Mas as­sim como São Paulo, sinto o Se­nhor dizer-me: “Não te­nhas medo…nesta ci­dade há um povo nu­me­roso que me per­tence” (At 18,9).

    En­quanto o Sr. Nún­cio, comunicava-me que o Papa Fran­cisco, a quem saúdo re­ve­rente, ti­nha me no­me­ado para ser o 5º bispo de Santo An­dré, e encorajava-me a acei­tar a mis­são, su­pli­quei a Deus e senti que, o aban­dono cons­ci­ente à sua von­tade tem uma força que ins­pira co­ra­gem. Con­fio no apoio do amado ir­mão Dom Nel­son Wes­trupp, que impôs as mãos so­bre mim na or­de­na­ção epis­co­pal, eu o quero muito bem e o saúdo com afeto. Como bispo emé­rito con­ti­nu­ará con­tando com nosso apoio, ca­ri­nho e ad­mi­ra­ção.

    Con­fio na ajuda de to­dos vo­cês, ir­mãs e ir­mãos lei­gos que, pelo ba­tismo, são cha­ma­dos à san­ti­dade. An­te­ci­pa­da­mente agra­deço a ca­ri­dade que ti­ve­rem para co­migo.

    Ve­nho para amar e ser­vir em nome de Je­sus na en­trega sin­cera de mi­nha po­bre vida. De agora em di­ante vo­cês são a mi­nha Igreja e Fa­mí­lia, à qual o Se­nhor me en­via para ser­vir como pai e pas­tor, mi­nha “fa­mí­lia, mo­rada de Deus, edi­fi­cada so­bre o fun­da­mento dos após­to­los e pro­fe­tas, do qual é Cristo Je­sus a pe­dra an­gu­lar” (Ef 2,19 – 20). Quero ser para to­dos o amigo certo nas ho­ras in­cer­tas, o bom pas­tor se­gundo o co­ra­ção de Cristo Je­sus. Me aju­dem!

    No co­ra­ção do Evan­ge­lho está a men­sa­gem do Reino de Deus: ”Só o Reino é ab­so­luto, e faz com que se torne re­la­tivo tudo o mais que não se iden­ti­fica com ele” (Paulo VI – EN 8). Con­clamo nossa Igreja para que con­ti­nue de­di­cada à mis­são em fa­vor do Reino, con­ser­vando o te­souro da fé re­ce­bida dos após­to­los. A Igreja é se­mente do Reino de jus­tiça, paz e vida para to­dos (Vat. II — LG 5), ela tem como fi­na­li­dade, sua im­plan­ta­ção. As­sim pro­ce­dendo sa­be­mos que tudo o mais nos será dado por acrés­cimo (cf. Mt 6,33)

    Va­mos ca­mi­nhar jun­tos pois o amor de Cristo nos uniu. Per­ma­ne­ça­mos uni­dos neste amor e não só reu­ni­dos. A união faz a força que vence o mal pelo bem. Aos po­bres e so­fre­do­res, aos que es­tão sem es­pe­rança, meu ca­ri­nho e con­forto. Em nome de Je­sus em nome de Je­sus es­ta­re­mos con­vosco. Co­ra­gem!

    Muito me ale­grei quando soube ser Nossa Se­nhora do Carmo pa­dro­eira da Ca­te­dral. A ela sou con­sa­grado. Tem sido para mim, mãe, pro­te­tora e mo­delo de fé e es­pe­rança. Con­fio a ela mi­nha mis­são como Bispo de Santo An­dré. Por Ma­ria Deus nos deu o maior te­souro: Je­sus, Ca­mi­nho Ver­dade e Vida. Que ela in­ter­ceda por nós.

    Ao saudar-vos, já levo a to­dos no co­ra­ção. “Peço que lu­tem co­migo nas ora­ções que vo­cês di­ri­gem a Deus em meu fa­vor” (Rm 15,30). Nos en­con­tra­re­mos dia 26 de ju­lho, um do­mingo, data já mar­cada para a posse em co­mum acordo com Dom Nel­son.

    Aben­çoo a to­dos. Co­ra­gem! Que a paz, ale­gria e a graça do Se­nhor Je­sus Cristo es­te­jam com vo­cês.

    + Dom Pe­dro Car­los Ci­pol­lini

    Bispo Eleito de Santo André-SP

  • Quaresma, tempo privilegiado de “conversão”

    Quaresma, tempo privilegiado de “conversão”

    A Qua­resma é tempo forte de fa­zer boa es­co­lha, de pa­rar nas en­cru­zi­lha­das da vida, de en­trar no si­lên­cio do co­ra­ção, para Qua­resma é tempo pri­vi­le­gi­ado de “con­ver­são”. Con­ver­são é uma ques­tão de amor.

    Con­ver­são evoca vinda à fé de um ateu, a mu­dança de vida de um crente, dei­xando tudo o que é de­sor­dem mo­ral. Con­ver­são é ainda voltar-se para Deus, vi­ver na sua in­ti­mi­dade e pre­sença amiga.

    A con­ver­são é es­sen­ci­al­mente pro­cu­rar, des­co­brir cada vez mais o rosto de Cristo, o co­ra­ção de Deus. Esta con­ver­são não ter­mina nunca, por­que nunca ter­mi­na­mos de des­co­brir por com­pleto o amor de Deus por nós e ja­mais se­re­mos ca­pa­zes de corresponder-lhe ple­na­mente.

    A con­ver­são é des­co­brir o olhar amigo de Je­sus. Reconhecer-se pe­ca­dor é en­con­trar o olhar de Cristo. É abrir a porta de nosso co­ra­ção a Cristo. Ele en­tra, senta-se à mesa, toma re­fei­ção co­migo e eu com Ele (cf. Ap 3, 20).

    A Ma­teus bas­tou um olhar, um en­con­tro, um dia para se con­ver­ter de forma to­tal e de­fi­ni­tiva.

    Nós te­mos qua­renta dias para imitá-lo. Convertendo-nos e sendo olhar, pre­sença, con­vite de Cristo, junto dos ou­tros a fa­ze­rem o mesmo… É só ten­tar, é só fa­zer, é só que­rer!

    Dom Nel­son Wes­trupp, scj

    Bispo Di­o­ce­sano de Santo An­dré

    Qua­resma 2015

    Fonte: Diocese de Santo André

  • Re­pou­sar é pre­ciso

    Re­pou­sar é pre­ciso

    Em ge­ral, todo fi­nal de ano leva a gente a pen­sar em des­canso ou em “me­re­ci­das fé­rias”. No meu tempo de es­tu­dante, ha­via um pro­fes­sor que, ao che­gar ao fi­nal do ano le­tivo, di­zia: “as fé­rias são bem-vindas, mas, se não fo­rem bem apro­vei­ta­das, po­de­rão tra­zer abor­re­ci­men­tos… Saindo além do ritmo nor­mal, fa­cil­men­tese cai no re­la­xa­mento e na omis­são de cer­tos de­ve­res ina­diá­veis…

    No Evan­ge­lho, se­gundo Ma­teus, Je­sus convida-nos a ca­mi­nhar sem can­sar: “Vinde a mim vós que es­tais can­sa­dos e fa­ti­ga­dos sob o peso dos vos­sos far­dos, e eu vos da­rei des­canso” (Mt 11, 28 – 30).

    Não são pou­cos os que vi­vem hoje so­bre­car­re­ga­dos de tra­ba­lho, desgastando-se ao longo dos dias, das se­ma­nas, dos me­ses e dos anos. Por isso, ao che­gar o pe­ríodo de fé­rias do ve­rão, to­dos bus­cam, de uma ma­neira ou de ou­tra, um tempo de des­canso ou de pas­sa­tempo que os ajude a se li­ber­ta­rem das ten­sões e dos can­sa­ços acu­mu­la­dos ao longo dos dias.

    Nos­sas ener­gias esgotam-se, por­que que­re­mos e pre­ci­sa­mos es­tar li­ga­dos a tudo. Com a mo­der­ni­dade e a alta tec­no­lo­gia na co­mu­ni­ca­ção, fi­ca­mos por den­tro de tudo o que acon­tece perto e longe de nós. Tudo nos en­volve e, de al­guma forma, nos toca. Sentimo-nos um pouco res­pon­sá­veis por aquilo que acon­tece no mundo… Sem fa­lar da la­buta diá­ria para ga­nhar o pão de cada dia ou para ob­ter um pouco mais de qua­li­dade de vida. Tudo isso é po­si­tivo, mas tam­bém nos leva a nos ques­ti­o­nar: até que ponto vale a pena vi­ver se­ma­nas e se­ma­nas numa cor­re­ria fre­né­tica?

    A vida passa num ins­tante. É pre­ciso vi­ver com qua­li­dade de vida. Ex­pe­ri­men­tar a vida, vi­ver e con­vi­ver com quem ca­mi­nha lado a lado co­nosco: nossa fa­mí­lia, os co­le­gas de tra­ba­lho, os ami­gos.

    O tempo do des­canso pla­ne­jado e aguar­dado ajuda-nos a re­or­ga­ni­zar nossa agenda in­te­rior, nossa re­gra de vida, a re­com­por nos­sas for­ças e a dar a de­vida im­por­tân­cia ao que de fato é im­por­tante em nossa vida.

    Mas o que é des­can­sar? É su­fi­ci­ente re­cu­pe­rar nos­sas for­ças fí­si­cas, to­mando sol du­rante al­gu­mas ho­ras na praia de al­gum lindo mar? Co­nhe­cer be­los lu­ga­res? Será que basta es­que­cer nos­sos pro­ble­mas e con­fli­tos, mer­gu­lha­dos no ruído e no ba­ru­lho de nos­sas fes­tas e noi­ta­das? Ao re­tor­nar das fé­rias, não pou­cos sen­tem em seu in­te­rior a sen­sa­ção de tê-las per­dido, ou até, vol­tam mais can­sa­dos do que quando co­me­ça­ram as fé­rias. Acon­tece que tam­bém nas fé­rias po­de­mos cair na ti­ra­nia da agi­ta­ção, do ruído, da su­per­fi­ci­a­li­dade e da an­si­e­dade do des­frute fá­cil e es­go­tante. En­tão, que tipo de fé­rias de­ve­mos es­co­lher? O que re­al­mente fará res­tau­rar o co­ra­ção e aju­dará a ser­mos pes­soas me­lho­res?

    Nem to­dos sa­bem des­can­sar. Você já pa­rou para pen­sar na im­por­tân­cia de des­can­sar? Já per­ce­beu que o des­canso é tam­bém um dom pre­ci­oso? E que deve ser bem apro­vei­tado? É co­mum acon­te­cer que ao re­tor­nar­mos das fé­rias, as pes­soas de nosso con­ví­vio es­pe­ram en­con­trar em nós pes­soas mais sau­dá­veis, mais se­re­nas, mais tran­qui­las. As fé­rias de­vem pro­por­ci­o­nar esse re­no­vado es­tado de es­pí­rito. Para isso é ne­ces­sá­rio encontrar-nos pro­fun­da­mente co­nosco mes­mos e bus­car o si­lên­cio, a calma e a se­re­ni­dade de es­pí­rito que tan­tas ve­zes nos fal­tam du­rante o ano, para es­cu­tar o me­lhor que há den­tro de nós e ao nosso re­dor.

    Pre­ci­sa­mos lem­brar que uma vida in­tensa não é uma vida agi­tada. Que­re­mos ter tudo, açam­bar­car tudo e des­fru­tar de tudo. Rodeamo-nos de mil coi­sas su­pér­fluas e inú­teis que afo­gam nossa li­ber­dade e es­pon­ta­nei­dade. Pre­ci­sa­mos re­des­co­brir a be­leza da na­tu­reza, con­tem­plar a vida que brota perto de nós. Os pás­sa­ros que can­tam sem se pre­o­cu­par, pois o Pai do céu cuida tam­bém de­les, ou o per­fume da rosa que gra­tui­ta­mente es­pa­lha sua be­leza e for­mo­sura, ou a som­bra amiga de ár­vo­res ge­ne­ro­sas…

    É pre­ciso des­co­brir que a fe­li­ci­dade tem pouco a ver com o pra­zer fá­cil. Lembremo-nos, en­fim, de que o sen­tido úl­timo da vida se re­vela a nós com mais cla­ri­dade na festa, na ale­gria com­par­ti­lhada, na ami­zade e na con­vi­vên­cia fra­terna. Mas, além disso, pre­ci­sa­mos en­rai­zar nossa vida em Deus “amigo da vida”, fonte do ver­da­deiro e de­fi­ni­tivo des­canso. Com Ele em nosso co­ra­ção o des­canso será res­tau­ra­dor. É pos­sí­vel o ser hu­mano des­can­sar sem encontrar-se com Deus? (cf. J.A. Pa­gola, o ca­mi­nho aberto por Je­sus, Vo­zes, 2013 — Pe­tró­po­lis, págs. 147 – 149). Nesse sen­tido, es­pero que te­nha­mos fé­rias ale­gres e res­tau­ra­do­ras.

    Apro­veito a oca­sião para de­se­jar a to­dos os que­ri­dos lei­to­res e lei­to­ras de “A Boa No­tí­cia” um fe­liz e santo Na­tal, bem como um Novo Ano re­pleto de gra­ças e bên­çãos do Prín­cipe da Paz.

    Dom Nel­son Wes­trupp, scj

    Bispo Di­o­ce­sano de Santo An­dré

  • Fixar o olhar no coração do Pai

    Fixar o olhar no coração do Pai

    Logo no início do mês de novembro, celebramos a Solenidade de todos os Santos e Santas, recordando que, “em Cristo, Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e íntegros diante dele, no amor” (Ef 1, 4). Na verdade, a santidade é nossa vocação por excelência: “a vontade de Deus é que sejais santos” (1 Ts 4, 3). A santidade consiste em estar com o Senhor para sempre (cf. ibidem, 4, 17). A nossa felicidade plena é Cristo.

    O caminho mais curto e mais luminoso da santidade é a vivência das Bem-aventuranças. Ao proclamar o decálogo da felicidade, Jesus nada mais fez do que revelar sua própria felicidade. Por isso, abraçar com toda a vontade e com todo o coração as Bem-aventuranças significa antecipar ou experimentar já aqui na terra a felicidade do céu.

    Também no início de novembro, comemoramos os Fiéis Defuntos, ocasião especial para rezar por todos os que já partiram para a casa do Pai e para recordar nossa origem, nosso estar no mundo e nosso destino… O peregrinar terreno deve ser vivido em função da passagem para a plenitude da vida, para o abraço amoroso do Pai, para uma nova terra, onde “a morte não existirá mais e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram” (Ap 21, 4).

    O ser humano é muito mais do que o tempo que termina com a morte. Trazemos na essência de nosso ser a vontade de participar da própria vida de Deus. Daí, a importância de perceber o sentido da vida como busca contínua da comunhão com Deus. Com efeito, somos chamados a unir-nos a Deus com todo o nosso ser na perpétua comunhão da incorruptível vida divina (cf. GS, 18).

    Assim sendo, não esmoreçamos ao longo do caminho; ao contrário, fixemos o coração nas coisas do alto, motivando nosso peregrinar na fé e na esperança, dando fecundidade espiritual ao nosso cotidiano viver.

    O desejo ardente do reencontro com os entes queridos que nos antecederam no caminho da fé, alimente nossa saudade do céu, impulsionando-nos a alcançar o que o Pai preparou para os que O amam: “É algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1 Cor 2, 9).

    O grande segredo da perseverança final é a fidelidade na adesão alegre a Jesus Cristo, fazendo de seu Corpo e Sangue a comida e bebida que matarão nossa fome e saciarão nossa sede. Esta é a única comida e a única bebida que saciarão nossa ânsia de imortalidade.

    Dom Nelson Westrupp, scj
    Bispo Diocesano de Santo André

  • AJUDAR A CONHECER JESUS

    AJUDAR A CONHECER JESUS

    Em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões deste ano, o Papa Francisco faz questão de frisar que “ainda hoje há tanta gente que não conhece Jesus Cristo”. O que não deixa de ser um desafio para nós que já O conhecemos: fazer Cristo acontecer na vida das pessoas. Na verdade, “conhecer a Jesus Cristo é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp, 29). E tem mais: “transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (ibidem, 18).

    O mês missionário lança um forte apelo a cada batizado, a cada fiel cristão: sair para anunciar a Boa-Nova a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, apressadamente, levando Jesus em seu coração para anunciá-lo aos outros. A alegria do Evangelho enche a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Todos os que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, da solidão, da angústia e de todo mal. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria (cf. EG, 1).

    Enorme esforço para a difusão do Evangelho já foi feito. Muitos missionários e missionárias derramaram seu sangue e gastaram a sua vida a serviço da evangelização. Contudo, a ação missionária deve ser permanente. Ela não pode parar. Precisamos viver em estado permanente de missão. Portanto, nada impeça nosso ardor missionário. Ainda que nossa cultura apareça cada vez mais “laica” e secularizada, jamais podemos duvidar da presença divina em nosso trabalho apostólico, pois a força do Espírito da verdade guiará nossos passos nos caminhos da missão.

    Por outro lado, não podemos ficar fechados em nós mesmos, em nossa Diocese, em nossa Paróquia, em nossa Comunidade. “A própria comunidade cristã precisa ser ela mesma anúncio, pois o mensageiro é também Mensagem” (Doc. 94, CNBB n. 76). Não devemos ter medo de sair de nós mesmos para exercer nosso serviço apostólico noutros lugares. Até porque o mandato missionário de Cristo atinge o coração da Igreja (cf. RMi, 61). Assim, o envio missionário é para o mundo inteiro, para todas as nações (cf. Mt 28, 19).

    Assim sendo, como discípulos missionários de Jesus, queremos e devemos proclamar o Evangelho, que é o próprio Cristo” (DAp, 30). Cumpramos, então, nossa missão seguindo os passos de Jesus e adotando suas atitudes. “Na generosidade dos missionários se manifesta a generosidade de Deus, na gratuidade dos apóstolos aparece a gratuidade do Evangelho” (ibidem, nº. 31).

    Queira o Senhor da messe que o espírito missionário penetre mais profundamente no coração de todos os(as) batizados(as). O exemplo dos missionários e missionárias suscite novas vocações e uma renovada consciência missionária em nossa Diocese, porquanto, cada comunidade cristã nasce missionária e é precisamente com base na coragem de evangelizar que se mede o amor dos crentes para com o Senhor.

    Sentimo-nos protagonistas e corresponsáveis pela missão da Igreja? O primeiro e mais eficaz contributo, que todos podem oferecer à ação missionária, é a oração. Rezamos muito pouco. Por isso, intensifiquemos nossas orações pelas missões.

    Tenhamos certeza de que Jesus Cristo, Missionário por excelência do Pai, nos acompanhe na tarefa essencial da Igreja, que é evangelizar. Ele mesmo disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 20).

    Nossa Senhora, que marcou presença materna na Igreja nascente, nos acompanhe com solicitude de Mãe pelas estradas da evangelização.

    Dom Nelson Westrupp, scj
    Bispo Diocesano de Santo André

  • CARTA DE DOM NELSON (SEMANA DA VIDA) E BENÇÃO DAS GRÁVIDAS

    CARTA DE DOM NELSON (SEMANA DA VIDA) E BENÇÃO DAS GRÁVIDAS

    BÊNÇÃO DAS GRÁVIDAS

    Senhor Deus, criador do gênero humano,
    cujo Filho, pelo poder do Espírito Santo,
    Se dignou nascer da Virgem Maria,
    para redimir e salvar os homens e as mulheres,
    libertando-os da dívida do antigo pecado,
    escutai com bondade as preces destas mães,
    que confiadamente Vos suplicam pela saúde dos seus filhos e filhas que vão nascer,
    e concedei-lhes um parto feliz;
    que os filhos e filhas destas mães,
    entrando pelo Batismo na comunidade cristã,
    venham a conhecer –Vos e a amar-Vos,
    Vos sirvam dedicadamente
    e alcancem a vida eterna.
    Por Nosso Senhor Jesus Cristo
    que é Deus convosco na Unidade do Espírito Santo
    Amém.

    Depois da oração de bênção, as mães invocam a proteção da Virgem Santa Maria, recitando a antífona:
    À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus.
    Não desprezeis as nossas súplicas nas nossas necessidades,
    mas livrai-nos de todos os perigos,
    ó Virgem gloriosa e bendita.

    carta-de-Dom-Nelson_1-Semana-da-Vida-2014

  • A desculpa do “estado laico” não exclua o Presépio de Jesus de nosso lar e de nosso coração!

    Dentro de poucos dias, estaremos celebrando o Natal do Senhor…

    Infelizmente, o comércio está cada vez mais agitado e ousado, desrespeitando o sentido cristão do Natal. O consumismo exagerado vai tomando conta dos corações, sobrando pouco espaço para as coisas do Alto. Bem antes do Natal, as lojas começam a se enfeitar de luzes e objetos natalinos, nem sempre relacionados ao Aniversariante de 25 de dezembro. O que conta é fomentar as compras de fim de ano e esquentar o comércio… Triste constatação! Nossa reação deve ser alegre e contagiosa. Urge buscar caminhos novos para resgatar a presença do Menino Jesus nos corações e nos ambientes que frequentamos. Não podemos deixar que o Natal vire festa pagã! De que adianta abarrotar a casa de “coisas”, se o coração ficar vazio de Deus?

    Convido cada família cristã da Diocese a montar em sua casa, num “lugarzinho” nobre da sala, um lindo presépio, com imagens de Maria, José e o Menino Jesus, não esquecendo dos anjos, dos pastores, dos cordeirinhos, dos bois, dos Magos… Enfim, um presépio esplendoroso, com toques de simplicidade, humildade, harmonia, paz e serenidade…, virtudes do Menino Deus que repousa serenamente na Manjedoura e nos braços de Maria.

    Não deixemos que o barulhento “papai noel” sufoque o verdadeiro espírito do Natal! Pacificamente lutemos para re-introduzir o Menino Jesus na sociedade e no coração das pessoas. Haverá mais ternura e mais misericórdia.

    Entre comigo nessa corrente! Convide seus amigos a fazerem o mesmo. Não adie para o ano que vem! Vamos criar um clima de Natal, fazendo do Presépio ponto de referência obrigatório para a família se encontrar na Noite Santa e agradecer ao Deus-conosco. Ele quer nascer outra vez em sua e nossa família.
    Conto com sua criatividade e grande amor ao Menino Jesus.

    Acolhamos com alegria Aquele que deseja fazer de nosso coração sua morada permanente.

    Um abraço amigo e uma especial bênção.

    Queridos Padres, Diáconos, Seminaristas, Religiosas, Coordenadores(as) de Pastorais e Movimentos, formemos uma corrente e motivemos as famílias a armarem o Presépio em seus lares.

    Dom Nelson Westrupp, scj
    Bispo Diocesano de Santo André

  • Evangelizados para evangelizar

    “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21) é o título da Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Missionário Mundial de 2011.
    O mês missionário quer despertar, cultivar e fazer crescer em cada um de nós a consciência missionária. O mandamento missionário, confiado aos Apóstolos, continua válido em nossos dias.

    O primeiro missionário foi o próprio Cristo, enviado ao mundo pelo Pai para anunciar a Boa-Nova do Reino. Jesus, por sua vez, funda a Igreja e envia-a evangelizar todos os povos, depois de enviar sobre ela o Espírito Santo, que a acompanhará e conduzirá em sua tarefa. “Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9,16). Neste sentido, a Igreja é toda missionária, “enviada”, e o mundo inteiro é “terra de missão”.

    A missão é urgente. Constatamos que o número dos que ignoram a Cristo, dos indiferentes e sem religião, está aumentando. Urge, pois, renovar nosso empenho em levar a todos o Evangelho com o entusiasmo dos primeiros cristãos.

    Trata-se, como lemos na Mensagem do Papa, do “serviço mais precioso que a Igreja pode prestar à humanidade e a cada pessoa que está em busca das razões profundas para viver em plenitude a própria existência”.

    As pessoas que fizeram a experiência do encontro pessoal com Cristo ressuscitado sentem a necessidade de anunciá-lo aos outros, como fizeram os dois discípulos de Emaús. O beato João Paulo II exortava a estarmos “vigilantes e prontos para reconhecer o rosto do Ressuscitado e correr a levar aos nossos irmãos o grande anúncio: “Vimos o Senhor!”(NMI, 59).

    Após dois mil anos de evangelização, existe um grande número de pessoas que ainda não chegaram ao conhecimento de Jesus Cristo e da sua Mensagem de salvação. E o que dizer daqueles que, embora tenham ouvido o anúncio do Evangelho, já não mais vivem a sua fé? Aumenta o número dos que vivem como se Deus não existisse…

    Todos os seres humanos são destinatários do Evangelho. O Evangelho não é um bem exclusivo de ninguém. É um dom a ser partilhado, uma Boa Notícia a ser comunicada a todos. Essa tarefa foi confiada a todos os batizados e batizadas. As comunidades eclesiais, bem como cada fiel cristão, são responsáveis pela evangelização, não de maneira opcional, mas como “uma necessidade que se me impõe” (1 Cor 9, 16). Assim sendo, a dimensão missionária deve ser um compromisso assumido com ardor e amor por todos os fiéis cristãos, deve impregnar todas as pastorais e movimentos, levando a um maior conhecimento da pessoa de Cristo. Daí a necessidade de partirmos para a animação bíblica de toda a pastoral. Precisamos não só acolher a Palavra de Deus, senão também tornar-nos alma de toda a evangelização, isto é, rever nossas pastorais à luz da Palavra e nela aprofundar seu sentido missionário.

    É necessário verificar a nossa vivência cristã e coerência com o Evangelho, a nossa atitude em relação à evangelização, para melhorar as nossas práticas e as nossas estratégias de anúncio. Precisamos interrogar-nos a fundo sobre a qualidade de nossa fé, sobre o nosso modo de sentir e de ser cristãos, discípulos missionários de Jesus Cristo enviados a anunciá-Lo ao mundo, de sermos testemunhas cheios do Espírito Santo (cf. Lc 24, 48s; At 1, 8), chamados a fazer, das pessoas de todas as nações, discípulos (cf. Mateus 28, 19s) (Documentos da Igreja – 6, Edições CNBB, 1ª Edição – 2011, pág. 18).

    A realização do próximo Sínodo dos Bispos, cujo Tema é: “A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã”, é motivo de esperança para um novo impulso da ação missionária.

    “O Dia Missionário reavive em cada um o desejo e a alegria de “ir” ao encontro da humanidade, levando Cristo a todos!”, exorta Bento XVI.
    Enfim, anunciemos Jesus Cristo com alegria! “Maria é feliz porque tem fé, porque acreditou e, nesta fé, acolheu no seu ventre o Verbo de Deus para dá-Lo ao mundo” (VD, 124).

    Dom Nelson Westrupp, scj
    Bispo Diocesano de Santo André