HISTÓRIA

Em 1891, o bairro de Rudge Ramos limitava-se a uma pequena vila que reunia algumas casas humildes, pequenas vendas e muito distante do Centro de São Bernardo. Este era o cenário que os irmãos Piagentini e os habitantes do vilarejo observavam ao caminharem pelo velho Caminho do Mar.

No mesmo ano, no dia 26 de dezembro, a Cúria Diocesana de São Paulo expedia a provisão que autorizava os irmãos Tomaso, Romualdo e Adelfo Piagentini a construírem no local uma Igreja com a autorização para a celebração de missas e sob a responsabilidade da Paróquia de São Bernardo. A Capela seria fundada sobre a proteção do padroeiro São João Baptista. Nascia então a comunidade católica de Rudge Ramos.

Muitas denominações já batizaram o que hoje é Rudge Ramos: Vila de São João da Bela Vista, Bairro dos Meninos e finalmente, Rudge Ramos, em homenagem ao Dr. Arthur Rudge da Silva Ramos, delegado de polícia da Capital paulista e responsável pela restauração do velho Caminho do Mar na década de 20.

O progresso não demorou a chegar ao bairro. As estradas foram alargadas para dar passagem aos primeiros caminhões que transportavam carvão. Aumentavam o número de casas e junto, os estabelecimentos comerciais. O centro de tudo era a velha Capela.

Com tudo isso, o acanhado templo já não era suficiente para acomodar os fiéis. Em 1942, a Capela foi ampliada, porém o progresso e a chegada das grandes indústrias trouxeram mais pessoas para a cidade e para o bairro. Não demorou para a Capela ficar pequena novamente.

A importância do bairro crescia, já era um dos mais populosos de toda a São Bernardo. A realidade da Capela no local também se modificava. Em 1953, considerando a sua importância, a Capela São João Baptisa é elevada à Paróquia, tornando-se a primeira Paróquia a desmembrar-se da Igreja Matriz de São Bernardo.

A Nova Matriz

Em 31 de janeiro de 1958, chega à Paróquia São João Batista o Padre Fiorente Elena. Logo ele percebe que o templo existente no bairro não é suficiente para acolher os fiéis. A partir de então, o Padre inicia os trabalhos para a construção de uma nova Igreja, que pudesse acolher todo o povo e que se tornasse um ponto de referencia não só para o bairro e para a cidade, mas também para toda a região.

Muitos diziam ser uma loucura a construção da nova Igreja. Muitas pessoas foram contrárias a idéia, mas não tinham a percepção de futuro e o espírito de pioneirismo do Padre Fiorente.

Como todo grande projeto, o início foi muito difícil. A primeira e maior dificuldade foi a aquisição do terreno, o que só foi possível depois de concretizada uma permuta com a prefeitura da cidade. Na época, o Prefeito Lauro Gomes também queria que o bairro ganhasse uma praça que fosse a altura do progresso da região. Na negociação, o Padre entregaria o terreno onde se localizava a Capela (local onde hoje se encontra o ponto de ônibus defronte a Base Comunitária – denominado Largo da Capela) e receberia em troca o terreno onde hoje está a nova Igreja.

O desejo de construir uma Igreja, ou uma Catedral, como o próprio Padre Fiorente dizia, não demorou em se tornar realidade. Seu espírito de luta, a força e, principalmente, sua liderança frente aos fiéis, fizeram com que ele pudesse concretizar o sonho de toda a comunidade.

A Força da Comunidade

A comunidade da Paróquia São João Batista de Rudge Ramos sempre foi sinônimo de perseverança. A construção da nova Igreja se deu com o suor e trabalho de muitas pessoas. Os mais antigos contam que o Padre Fiorente, ao término das celebrações, pedia que cada fiel buscasse no terreno da antiga Capela um tijolo e trouxesse para as obras da nova Igreja. O dinheiro era escasso e não poderiam se dar ao luxo de desperdiçar materiais de construção. Muitos dos tijolos que estão alicerçando o novo templo saíram da velha Capela.

Campanhas, doações, rifas e a tradicional quermesse foram apenas alguns dos instrumentos utilizados pela comunidade para tirar o projeto do papel. Mesmo com todas as dificuldades, a comunidade nunca deixou de prestar auxílio a outras Igrejas, entidades e comunidades missionárias espalhadas por todo o Brasil. Alguns exemplos desta solidariedade são as inúmeras Igrejas que nasceram dos recursos arrecadados durante a quermesse. Também podemos citar as entidades filantrópicas que ainda participam da Festa Junina de Rudge Ramos. A ajuda também foi estendida a toda comunidade católica do grande ABC, através da Diocese de Santo André. A Casa do Cursilho e a ajuda na compra da antiga Rádio Mauá, hoje Milícia da Imaculada, são dois exemplos concretos deste trabalho.

Aos poucos foram se juntando a esta grande obra que é a nova Igreja, os dois salões de festas, a Casa Paroquial, o Centro Comunitário com quatro andares e que atende toda a comunidade, além da torre com os seus quatro sinos, esta com uma particularidade: a sua inclinação.

A Pedra

A história do bairro, que hoje é Rudge Ramos, confunde-se com a trajetória da Paróquia São João Batista. Foi em volta da pioneira Capela que começou a crescer o bairro. A Igreja é a pedra fundamental, o ponto de partida de todo esse gigantesco bairro.

Hoje, na face do templo, a imagem do padroeiro desta comunidade, e que também é o patrono do bairro, observa de braços abertos a imensidão de Rudge Ramos. Suas avenidas e ruas, o forte comércio e o crescimento vertical dos inúmeros edifícios que aos poucos vão tomando o lugar das velhas casa. O Centro da Cidade já não é tão longe, mas o velho Rudge continua respirando suas tradições através das famílias que aqui chegaram, permaneceram e prosperaram.